O título grego que mantemos
da Septuaginta significa “a segunda lei” ou a “lei repetida”. No entanto, isso
não descreve adequadamente o conteúdo deste livro. Seria um erro grave
considerar Deuteronômio uma mera repetição do que foi escrito antes. O título
hebraico deriva do primeiro versículo e significa “palavras”. “Estas são as palavras que Moisés falou a
todo o Israel dalém do Jordão, no deserto, na planície defronte do Mar de Sufe, entre Parã e Tofel, e
Labã, e Hazerote, e Dizaabe” (Dt 1:1).
Diferentemente de Êxodo
ou Números, que têm um grande conteúdo histórico, Deuteronômio é quase
inteiramente as palavras que Moisés relatou aos ouvidos do povo antes de entrar
na terra prometida. Enquanto Levítico é dirigido aos sacerdotes, Deuteronômio é
dirigido ao povo.
Foram onze dias de
viagem de Horebe, a caminho do monte Seir, até Cades-Barneia (Dt 1:2), mas
agora, quarenta anos depois, uma nova geração (com exceção de Josué e Calebe) está
prestes a entrar na terra. Moisés começa nos três primeiros capítulos,
ensaiando um breve resumo dos caminhos de Deus com eles. Que lições Ele lhes
ensinara no deserto, não apenas pela própria fraqueza, mas também pela infinita
santidade, paciência, graça e amor de Jeová!
O capítulo 5 começa: “E
chamou Moisés a todo o Israel e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e
juízos que hoje vos falo aos ouvidos; e aprendê-los-eis e guardá-los-eis, para
os cumprir”. Essas palavras continuam até o final do capítulo 28. O
capítulo 29 começa com o resumo: “Estas são as palavras do concerto que o Senhor ordenou a Moisés na
terra de Moabe, que fizesse com os filhos de Israel, além do concerto que
fizera com eles em Horebe” (Dt 29: 1). Mais uma vez, encontramos os filhos
de Israel dizendo: “o
ouviremos e o faremos” (Dt
5:27), que traz a resposta daqu’Ele que conhecia os corações: “Quem dera que
eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os Meus
mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para
sempre!” (Dt 5:29)
As instruções que
receberam supõem que estão na terra, uma terra em que Moisés não deveria
entrar, embora a tivesse visto com seus olhos (cap. 34). Eles deveriam amar o
Senhor, seu Deus, e guardar Suas ordenanças, Seus estatutos, Seus juízos e Seus
mandamentos continuamente (Dt 11:1). Rebelião resultaria em julgamento. Uma vez
na terra, eles deviam adorar no lugar escolhido pelo Senhor: “Então, haverá
um lugar que escolherá o SENHOR, vosso Deus, para ali fazer habitar o Seu nome;
ali trareis tudo o que vos ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos
sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda
escolha dos vossos votos que votardes ao SENHOR” (Dt 12:11).
Infelizmente,
Deuteronômio também pressupõe o fracasso deles. O livro olha além da entrada
deles na terra; olha profeticamente para o dia em que, fracassados, seriam
expulsos da terra e espalhados entre as nações, de onde o Senhor os reuniria
novamente (cap. 30). O cântico de Moisés no capítulo 32 antecipa a apostasia, a
restauração deles e o julgamento de Deus sobre as nações.
É interessante notar
que Deuteronômio é o livro mais frequentemente citado do Pentateuco no Novo
Testamento. Embora os filhos de Israel tenham realmente falhado, vemos em belo
contraste aqu’Ele que sempre fez a vontade do Pai. As três citações usadas por
nosso Salvador para responder ao tentador são retiradas deste livro (Mt 4:1-11;
Lc 4:1-13).
Muito interessante!
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