O Livro dos Salmos é
uma coleção de meditações, orações e louvores. Embora o livro tenha um caráter
claramente profético, não é uma declaração formal de eventos futuros. Nem é
história ou doutrina, embora contenha ambos. Eles são as expressões do coração
daqueles que estão em meio a uma profunda tristeza ou se exercitam sob a
liderança do Espírito Santo.
Divisões dos Salmos
Profecia e os Salmos
Visão Geral
dos Cinco Livros de Salmos
A Igreja e Profecia
Davi escreveu muitos
salmos (Lc 20:42). Alguns podem estar relacionados a circunstâncias específicas
em sua vida. No entanto, estes não são simplesmente os clamores de Davi, nem
mero sentimento humano. Além disso, eles são a linguagem do Espírito de Cristo
no salmista (1 Pe 1:11). Alguns, como o Salmo 22, podem ser identificados com
um tempo e lugar específicos na história do Senhor Jesus. Em outros,
encontramos Cristo em associação com o remanescente piedoso em Judá e Israel:
afligido na terra, fora da terra, o lugar que Ele tomou entre eles quando
estava na Terra, e na bênção completa durante o milênio. Nenhum outro livro
expressa os pensamentos e sentimentos do coração do Senhor dessa maneira.
Embora haja muito para
o Cristão, os Salmos não devem ser lidos meramente para conforto, mas para
comunhão com a mente e os caminhos de Deus. Os Salmos estão ocupados com Judá e
Israel. São as experiências de um povo sob a lei. As bênçãos e posições que
nós, como Cristãos – membros do corpo de Cristo – desfrutamos, não eram
conhecidas.
Divisões dos Salmos
O Livro dos Salmos não
é dividido em capítulos; antes, cada salmo é conhecido por sua posição – por
exemplo, o segundo salmo (At 13:33). Os títulos encontrados acima de muitos
salmos aparecem na Septuaginta e em outros manuscritos do homem, e são de uma
data muito antiga. No hebraico, os salmos são divididos em cinco livros, cada
um com um caráter distinto:
- Salmos 1-41 formam o primeiro livro;
- Salmos 42-72 o segundo;
- Salmos 73-89 o terceiro;
- Salmos 90-106 o quarto, e;
- Salmos 107-150 o quinto.
O fechamento de cada
livro é claramente marcado, como pode ser observado pela leitura dos últimos
versículos de cada um.[1]
Sua ordem é moral, nunca cronológica.
Profecia e os Salmos
Um conhecimento do
futuro profético de Judá e Israel é útil para entender os Salmos. No final dos
livros históricos, Judá e Israel estão em cativeiro. A história pós-cativeiro
de Judá difere da de Israel, cuja identidade como povo foi perdida. Como
estamos testemunhando ainda hoje, Judá será restaurado em sua terra na
incredulidade (Is 18), e reconstruirá finalmente seu templo (Is 66: 1-6; 2 Ts
2:4; Sl 74). Com a igreja sendo tirada dessa cena no Arrebatamento, um período
de tremenda provação chegará a todo o mundo habitável (Ap 3:10). Com duração de
sete anos (Dn 9:24-27), os primeiros três anos e meio são conhecidos como o princípio
das dores (Mt 24:8; primeiro livro dos Salmos), enquanto os últimos três anos e
meio são o período da grande tribulação (Mt 24:15-24; segundo livro dos
Salmos).
O período de 75 dias
após a grande tribulação é chamado de Indignação (Is 10:24-25, 26:20, 34:1-2; Dn
11:36). Durante esse período, muitas nações tentarão esmagar Israel, desafiando
até o próprio Senhor. Um remanescente de Judá será preservado (Zc 13:9). As
experiências desse remanescente sob a mão disciplinadora e a disciplina
governamental de Deus, sofrendo e confessando a culpa nacional de uma lei
violada, e o fardo ainda mais terrível de crucificar seu Messias, são muito
detalhadas nos Salmos. O Senhor reunirá as dez tribos de volta à terra (Mt
24:31; Dt 30:1-10; quarto Livro dos Salmos), fazendo com que passem sob a vara,
expurgando os rebeldes na fronteira (Ez 20: 35-37).
Com o fim da
indignação, o reino do Senhor será estabelecido e Ele reinará sobre a Terra em justiça
por um período de 1.000 anos – o Milênio (Sl 72; Is 35; Zc 14:9; Ap 20:1-6).
Aqueles que permanecem das nações gentias vão subir ano a ano a Jerusalém para
adorar o Rei, o Senhor dos exércitos (Zc 14:16).
Visão Geral
dos Cinco Livros de Salmos
No primeiro Livro dos Salmos, temos Cristo em associação com um
remanescente sofredor, mas fiel, na Judeia. Jeová é o título mais frequente
usado nesta parte, sendo Seu título de relacionamento de aliança com Israel. “Aos santos que estão na terra e aos
excelentes que disseste: Neles está todo o meu prazer” (Sl 16:3 – JND).
Os dois primeiros Salmos são introdutórios a toda a coleção; eles introduzem o
remanescente piedoso e o Messias – o Ungido do Senhor (Sl 2: 2).
No
segundo livro, o remanescente é visto
como expulso da terra, mas confortado e mantido pela presença e promessas de
seu Messias. Deus não reconhece publicamente esse remanescente e, portanto, “Deus”
(Eloim), Seu título na criação, é usado ao invés de “Jeová”. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza,
socorro bem presente na angústia” (Sl 46:1).
A nação inteira nos
últimos dias é mencionada no terceiro
livro. A história deles e o trato de Deus com eles são mencionados (por
exemplo, Sl 78). O assunto é abordado de maneira geral; não é Cristo em
associação com o remanescente. Vemos igualmente referências a “Deus” e “Jeová”.
No quarto livro, temos a vinda do Messias, tendo sido restaurada a
relação entre Israel e Deus. Jerusalém é o cenário. Aqui temos a bênção
associada ao Seu reinado e presença pessoal. Estes são salmos de gozo. Jeová é
novamente o título preferido. “Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque Ele fez maravilhas; a Sua destra e o Seu
braço santo lhe alcançaram a vitória”
(Sl 98:1).
Os salmos que compõem o
quinto livro são mais morais do que
proféticos, lidando com o retorno de Israel a Jeová e Seus caminhos com o Seu
povo (por exemplo, os quinze cânticos dos Degraus – Sl 120-134). Eles terminam
em louvor.
A Igreja e Profecia
Talvez seja necessário,
neste momento, discutir brevemente a posição da Igreja em relação à profecia. A
Igreja não era, e não é, o assunto da profecia. A profecia está ocupada com o
trato de Deus no governo da Terra, no centro do qual está Israel. É importante
que os crentes entendam isso, de outra forma muito do conteúdo na Bíblia
causará confusão. A Igreja é uma entidade bastante distinta de Israel: “não
deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus” (1 Co
10:32).
Em Mateus, a Igreja é
uma coisa futura. Pedro era uma pedra (“Pedro” em grego é “petros”, uma “pedra”), mas é a verdade da confissão de Pedro: “Tu
és Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16:16), que forma a fundação – a rocha
– sobre a qual Cristo edificaria Sua assembleia. Ele é o construtor, e o
edifício é dele. Ela é perfeita; os portões do inferno não podem prevalecer
contra ela (Mt 16:15-18).
A escritura também
apresenta uma visão da Igreja em relação à responsabilidade humana. Paulo, como
sábio mestre-construtor, lançou a base – Jesus Cristo – sobre a qual outros
edificam; não apenas com ouro, prata e pedras preciosas, mas também com madeira,
feno e palha (1 Co 3:10-12).
A decadência que entrou
é mencionada em 2 Pedro, e nas epístolas de João e Judas. Nos discursos das
sete igrejas em Apocalipse, temos uma visão do Cristianismo em suas várias
fases de declínio. Não é a própria Igreja que é o assunto, mas a ruína moral da
Cristandade professa neste cenário terreno. Enquanto a noiva, “Igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante” (Ef 5:27), será chamada ao Arrebatamento,
a profissão vazia apóstata que permanece (a “grande prostituta” – Ap
17:1), será vomitada da Sua boca (Ap 3:16). O Senhor então retomará Israel – os
ramos naturais (Israel) sendo enxertados em sua própria oliveira (Rm 11:24).
[1] N. do T.: Os livros terminam com
as expressões “Amém e Amém” ou “Louvai ao Senhor”.
Muito interessante!
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