O grande tema da epístola
do apóstolo aos Romanos é o evangelho – “O evangelho de Deus” (Rm 1:1).
O evangelho não é nem uma filosofia nem um Credo; em vez disso, o evangelho diz
respeito a uma Pessoa divina e gloriosa, “Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm
1:3).
Não encontramos a
palavra “Igreja” até o último capítulo (Rm 16:1)[1]. O
evangelho era o assunto da promessa, não da Igreja. “E porei inimizade entre
ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua Semente: Esta te ferirá a cabeça,
e tu Lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15). Agora revelado, o evangelho não é
mais uma promessa. “Porque todas quantas promessas há de Deus, são n’Ele
sim, e por Ele o Amém, para glória de Deus por nós” (2 Co 1:20). Para o judeu,
a ligação às promessas era particularmente importante.
Embora a epístola seja para
Roma (Rm 1:7), é dirigida tanto aos judeus quanto aos gentios. Havia muitos judeus
em Roma (At 28:17,) e por toda a epístola ambos os grupos são endereçados.
Muitos exemplos podem ser citados – “pois que falo aos que sabem a lei”
(Rm 7:1), e “porque convosco falo, gentios” (Rm 11:13); “Acerca de Seu
Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1:3), e “declarado
Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição
dos mortos” (Rm 1:4).
Quando Paulo escreveu
sua epístola aos romanos, ele nunca havia visitado aquela cidade. Nenhum
apóstolo tinha – um fato notável para uma cidade que sustenta sua posição no Cristianismo
em sua suposta associação com os apóstolos Pedro e Paulo (Rm 1:10-13).
Esboço
A epístola aos romanos
pode ser justamente chamada de epístola fundamental da doutrina Cristã. Nos
primeiros oito capítulos Paulo, de um modo simples e cuidadoso, estabelece os
princípios fundamentais do Cristianismo, trabalhando desde o homem até Deus.
Os capítulos 9-11 são
dispensacionais. Eles abordam a pergunta, “como é que o ensinamento dos oito
primeiros capítulos afeta as promessas de Deus a Israel?”
Na terceira e última
divisão, capítulos 12-16, temos a aplicação prática da doutrina dos primeiros
oito capítulos.
Cada seção contém em si
divisões adicionais. Olhando um pouco mais perto nos primeiros oito capítulos,
achamos que os primeiros 15 versos do capítulo 1 são introdutórios. Do
versículo 16 até o versículo 11 do capítulo 5, o apóstolo aborda a justificação
dos pecados. Tendo lidado com a questão dos pecados, o que dizer de nossa
natureza? Do versículo 12 do capítulo 5 ao final do capítulo 8, o assunto é o livramento
do pecado. O vínculo da lei (onde ela existiu) foi dissolvido na morte de
Cristo (cap. 7), e nossa libertação da carne está no Espírito de vida em Cristo
Jesus (cap. 8).
Conclusão
Os pecados não são
negligenciados no evangelho; a linha do padrão não foi abaixada. “Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Este é o
padrão de Deus; Deus não foi reconciliado; é o homem que precisa de reconciliação.
Em Romanos, o evangelho de Deus é o testemunho da justiça de Deus. Proveniente
da justiça humana, Ele não terá nada: “todas as nossas justiças (são)
como trapo da imundícia” (Is 64:6).
Como Deus pode ser
justo ao justificar os ímpios? A resposta nos leva aos pés do Senhor Jesus. Vindo
em semelhança da carne pecaminosa, Ele Se ofereceu em sacrifício pelo pecado,
assim, completamente satisfez a justiça de Deus, enquanto revelava Seu amor.
Deus pode agora Se apresentar em graça – ser propício – ao homem (Rm 3:25-26).
Este livro tem uma
importância particular para o jovem crente. Nisto encontramos que a paz com
Deus repousa, não com os nossos pensamentos, mas sobre os pensamentos de Deus
de Seu próprio Filho (Rm 5:1). Não só temos paz em relação aos pecados, mas
também temos a libertação presente do poder do pecado. Livrados desse velho
tirano, fomos colocados em liberdade, não para fazer o que quisermos, mas para
servir o nosso novo Mestre, aqu’Ele que nos amou e Se entregou por nós (Rm
6:17-19). O Espírito pelo qual Cristo viveu ativamente deve agora ser a nossa Fonte
de cada pensamento e ação (Rm 8:9). Não só o Espírito Santo dentro de nós
agindo, mas Deus também está agindo externamente, ordenando todas as coisas para
aqueles “chamados por Seu
decreto” (Rm 8:28).
[1] N. do
A.: A assembleia como um corpo é encontrada em Romanos 12:4-5, embora em
conexão com as funções dos membros individualmente. No capítulo 16, onde
fazemos referência à “Igreja”, a palavra apenas faz parte de várias
saudações.
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