Em Mateus, temos o
cumprimento da profecia e da promessa. Aqui encontramos o Senhor Jesus
apresentado primeiro como o Filho de Davi a Israel – o Messias, o Ungido do
Senhor – e depois, em Sua rejeição, o Filho de Abraão, o depositário da
promessa – “em Ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gn 12:3).
O primeiro versículo, portanto, nos fornece um esboço de todo o livro. Mateus é
especialmente adaptado para atender às necessidades dos judeus – naquela época
e agora. Não é surpresa, portanto, descobrir que contém muito mais citações do Velho
Testamento do que os outros evangelhos.
Divisões de Mateus
Reino dos Céus
A Igreja
Divisões de Mateus
Mateus pode ser
dividido nas seguintes seções:
- Capítulos 1-4, o nascimento e a divindade de Jesus;
- Capítulos 5-7, os princípios do reino, a suposta rejeição deste e o caráter de seus súditos;
- Capítulos 8-12, Sua graça e poder exibidos no meio de Israel e Sua rejeição pelos líderes e pela nação;
- Capítulos 13-17, o reino rejeitado por Israel, ele rompe publicamente os laços que naturalmente existiam entre Si e o povo segundo a carne, e como Semeador sai a semear; quando Ele age assim na graça com base na promessa, o caminho é aberto aos gentios;
- Capítulos 18 ao capítulo 20:28, princípios pertencentes à nova ordem das coisas;
- Capítulo 20:29 ao capítulo 25, Sua apresentação final a Israel como o Filho de Davi, o verdadeiro Rei de Israel;
- Capítulos 26-28, Sua morte e ressurreição.
A genealogia do
primeiro capítulo começa com Abraão e termina com “JESUS, que Se chama o
Cristo” (Mateus 1:16), ou “Messias” – ambas as palavras, uma grega e
outra hebraica, podem ser traduzidas como “Ungido”. Somente Mateus se
refere a Emanuel (Mt 1:23; Is 7:14), e “aqu’Ele que é nascido Rei dos
Judeus” (Mt 2:2). Na verdade, Ele foi Jeová que desceu para habitar no meio
de Seu povo, e Ele era o Rei deles. Surpreendentemente, são os sábios do oriente,
gentios, que dão testemunho disso aos judeus – mais um detalhe que só pode ser
encontrado em Mateus.
Israel esperava o
Messias – as profecias do Velho Testamento eram conhecidas (Mt 2: 4-5) –, mas a
expectativa deles era totalmente egoísta; eles esperavam ansiosamente pela
restauração e exaltação de sua nação (Lc 24:21). Eles não sentiram nada de sua
própria condição miserável (Mt 3:7-9). Embora Mateus apresente Jesus como o
Messias, Sua rejeição pela nação ressalta por todo o livro. Até hoje, Israel
como nação é incapaz de aceitar o caráter da primeira vinda do Senhor, embora
totalmente detalhada pelos profetas (Lc 24:26-27; Is 53).
Quando encontramos
Jesus identificado com o povo, é sempre com o remanescente. No capítulo 3,
vemos o remanescente separado por João e Jesus com eles (Sl 16:3). No capítulo
4, com João agora na prisão, Jesus retorna à Galileia para os pobres e
desprezados do rebanho (Zc 11:11; Jo 1:46). O próprio João, embora o
mensageiro, deve recebê-Lo como um do remanescente, no testemunho que o Senhor
prestou de Si mesmo (Mt 11:4). Ao contrário de Marcos e Lucas, no final do
livro, não lemos sobre Sua ascensão; antes, encontramos o Senhor na Galileia
com os Seus.
Reino dos Céus
Enquanto o “reino de
Deus” é frequentemente mencionado em Marcos e Lucas, a expressão ocorre
apenas cinco vezes em Mateus. Por outro lado, a frase “reino dos céus”
ocorre trinta e três vezes em Mateus e nenhuma vez nos outros evangelhos. Esta
última expressão traz diante de nós o caráter celestial do Reino: “O Senhor
tem estabelecido o Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo” (Sl
103:19). Tendo em vista as aspirações terrenas do judeu, isso é particularmente
importante. Há também um significado dispensacional distinto. Com Cristo
rejeitado, o aspecto terrestre do reino foi adiado, e o reino assumiu uma forma
mística – o governo espiritual e invisível de Deus no coração dos crentes (Mt
13:11). Embora Seu trono ainda não esteja estabelecido nesta Terra, existe uma
esfera em que Sua autoridade é reconhecida, onde há uma resposta ao testemunho
de Sua Palavra.
A Igreja
Mateus é o único evangelho
que menciona a Igreja. No capítulo 15, o homem e o que ele fez da lei é colocado
de lado, e Deus atua em graça (Mt 15:21-28). Capítulo 16 nos permite ver o
abençoado resultado de Deus agindo em graça – a Igreja – algo que ainda estava
por vir. A lei governou Israel; mas o fundamento da Igreja é divino, imutável,
uma Pessoa, o Filho do Deus vivo. Com a Igreja introduzida, Seus discípulos não
estavam mais a dizer a ninguém que Ele era o Cristo, o Messias (Mt 16:20). Ele
também começa a mostrar-lhes como Ele deve “ir a Jerusalém, e padecer muito
dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto e
ressuscitar ao terceiro dia” (Mt 16:21), tudo o que está necessariamente
ligado com a edificação da Igreja. Mesmo quando o Senhor retorna, não será
como o Messias, mas como Filho do Homem (Dn 7; Mt 10:23, 16:27). O Senhor virá
com grande poder e glória, para ser exibido em uma esfera muito mais ampla.
Como Filho do Homem, Ele é o Herdeiro de todas as coisas.
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