A primeira epístola de
Paulo a Timóteo foi escrita de Macedônia a Timóteo em Éfeso (1 Tm 1:3). Ela
contém instruções para o próprio Timóteo e, mais genericamente, para a conduta
do indivíduo na assembleia. A segunda epístola foi escrita em uma data
posterior da prisão e parece ser a última epístola de Paulo (2 Tm 1:8, 4:6).
Timóteo era um jovem de
descendência grega e judaica. De seu pai grego não lemos nada (At 16:1), no
entanto, sua avó e mãe eram duas mulheres fiéis (2 Tm 1:5). Timóteo foi muito
amado pelo apóstolo Paulo (1 Co 4:17; 2 Tm 1:2). Sendo aparentemente tímido,
Paulo considera necessário encorajá-lo (1 Tm 4:12; 2 Tm 1:6-7). Fisicamente,
foi afligido pela doença (1 Tm 5:23). Embora Timóteo não tivesse credenciais
terrenas, Paulo poderia dizer sobre ele: “Porque a ninguém tenho de igual
sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado” (Fp 2:20).
Primeira Epístola a Timóteo
A primeira epístola de
Paulo a Timóteo é caracterizada pela palavra piedade; nenhuma outra epístola contém tantas referências (a
palavra grega para piedade deriva de “bem” e “reverência”). O objetivo do
apóstolo de escrever a Timóteo, é que ele soubesse “como convém andar na
casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade”
(1 Tm 3:15). Aqui temos orientação divina para a conduta correta na assembleia,
vista aqui como a casa de Deus. Como tal, deve ser a mantenedora da verdade. Em
1 Timóteo a casa é vista em ordem.
Capítulo 1. Alguns se
desviaram para o vão discurso, desejando ser mestres da lei (1 Tm 1:6-7). Há um
uso correto para a lei, no entanto, sua aplicação não é para o justo, mas para
os sem lei e desobedientes, para os ímpios e pecadores (1 Tm 1:8-9). Era o
propósito de Paulo deixar Timóteo em Éfeso, para que ele pudesse exortá-los a
não ensinar outras doutrinas.
Paulo havia declarado a
eles todos os conselhos de Deus (At 20:27); não há mais verdade revelada. A Igreja
é para manter e defender a verdade que recebeu. O fim da demanda de Paulo é a
única condição espiritual correta que nos permitirá realizar isto – “amor de
um coração puro, uma boa consciência e fé não fingida” (1 Tm 1:5 – JND).
Capítulo 2. Temos um Deus
Salvador “que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento
da verdade” (1 Tm 2:3-4). Nossa conduta dentro da assembleia e perante o
mundo (esta última é especialmente a mensagem na epístola de Paulo a Tito) deve
ser caracterizada por piedade e honestidade (1 Tm 2:2-3). Nossa conduta como
homens (1 Tm 2:8) e como mulheres (1 Tm 2:9-15) é importante .
Capítulo 3. As
instruções são dadas para os irmãos que desejam exercer supervisão na assembleia,
e para aqueles que ministram (servem) na assembleia (1 Tm 3:1, 8).
Capítulos 4-6. Nos
últimos tempos, haveria um abandono da fé; os homens iriam dar ouvidos aos
espíritos sedutores, “proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de
alimentos” (1 Tm 4:3). Esta é a carne religiosa e falsa piedade, contra as
quais o apóstolo adverte.
Nestes capítulos
encontramos instrução em piedade a respeito das coisas temporais. “Sê um
exemplo dos crentes, na palavra, na conversação, na caridade, no espírito, na
fé, na pureza” (1 Tm 4:12). O Cristianismo nunca foi um meio de avanço
social. “Mas é grande ganho a piedade com contentamento” (1 Tm 6:6).
Finalmente, devemos “guardar o depósito confiado” (1 Tm 6:20 – JND) – a
verdade plena do Cristianismo – diante da mais avançada oposição da
inteligência do homem.
Segunda Epístola a Timóteo
Embora não fossem os
últimos dias da história da Igreja, quando Paulo escreveu esta carta, é concedido
ao apóstolo ver o fracasso do homem em sua responsabilidade de manter a ordem
da casa de Deus. Na primeira epístola alguns haviam se afastado; agora
encontramos que todos os da Ásia se afastaram (2 Tm 1:15). A Cristandade tinha
se tornado uma grande casa; as coisas estavam em desordem (2 Tm 2:20). Nesta
epístola, então, temos instrução para o piedoso em um dia de ruína.
O capítulo 1 nos dá o encorajamento
que precisamos em tal dia. Na primeira epístola, a Igreja é o pilar e o
fundamento da verdade. Na segunda, a ênfase está no indivíduo e na palavra da
verdade (2 Tm 2:15). “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens
ouvido”, não meramente como uma doutrina, mas “na fé e no amor que há em
Cristo Jesus” (2 Tm 1:13). Não há nenhuma sugestão de desistir da verdade;
em vez disso, a doutrina de Paulo é enfatizada (2 Tm 2:2, 3:10). Claramente há
um custo – o apóstolo estava na prisão (2 Tm 2:9). “E também todos os que
piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3:12).
No capítulo 2, temos
nosso caminho em um dia de ruína, iniciando com a condição espiritual correta: “Tu,
pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1).
Esse caminho deve envolver a separação do mal, que necessariamente assume
discernimento espiritual (2 Tm 2:19-21). “Foge também dos desejos da
mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade, e a paz com os que, com um
coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2:22).
De fato, grande é o
mistério da piedade. O mistério, ou segredo, da piedade reside no conhecimento
de Deus manifestado na e por meio da Pessoa de Cristo (1 Tm 3:16). Na segunda
epístola, a palavra “piedade” só se encontra no versículo, “tendo
aparência de piedade, mas negando a eficácia dela” (2 Tm 3:5). Quando a Pessoa
de Cristo é negada, a piedade se torna apenas um formalismo. A Cristandade
professante está afundando rapidamente nas profundezas tenebrosas do paganismo
(ver 2 Tm 3:1-5; Rm 1:28-31). As Santas Escrituras são nosso recurso seguro (2 Tm
3:14-17). No capítulo 4 temos o nosso serviço no dia da ruína. Como é bonito
ver Marcos restaurado em meio a um generalizado abandono da verdade (2 Tm
4:11).
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