Primeiro de Samuel é
uma continuação do relato histórico dos juízes, com o livro de Rute formando um
elo importante entre os dois. Em Rute, introduzimos a linhagem real descendente
da tribo de Judá, de acordo com a profecia de Jacó (Gn 49:10). Os livros de
Samuel nos levam ao estabelecimento do reino em Davi. Esses dois livros
originalmente formaram um único volume; os tradutores do grego introduziram uma
divisão com a morte de Saul.
Antes de Davi, temos um
período de transição. Em Eli e seus filhos, o sacerdócio falha (1 Sm 2:12-36).
O sacerdócio havia sido o elo imediato entre o povo e Deus. Com o sacrifício, a
base da aproximação a Deus, pisoteada (1 Sm 2:29 – TB) e a arca tomada pelos
filisteus (1 Sm 4), há uma ruptura total. Deus tem que intervir e em Sua própria
maneira soberana introduz o profeta (1 Sm 3:19-21). Samuel é o primeiro de uma
longa lista de profetas que continuam até João Batista, o precursor de Cristo,
assim como Samuel apresenta Davi ao povo.
Embora o clamor do povo
“constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos julgue, como o
têm todas as nações” (1 Sm 8:5) fosse uma rejeição a Jeová e Seu reinado,
Deus transformou o pecado deles em uma ocasião para revelar Seu propósito de realeza
a ser cumprido em Cristo. Saul, seu primeiro rei, foi a escolha do povo (1 Sm
12:13). No entanto, o reino de Deus não pode ser estabelecido com base na
carne, e o homem e sua escolha são incapazes de permanecer diante do inimigo.
Enquanto Saul reina, Davi, um homem segundo o coração de Deus (1 Sm 13:14), é
rejeitado. Reunidos a ele em sua rejeição, encontramos aqueles que o mundo
desprezava, mas a quem Deus honrou – “os excelentes” (JND) desta terra (1 Sm 22:1-2; Sl
16:3; Hb 11:38). Infelizmente, os laços da natureza são fortes demais para
Jônatas, filho de Saul, um valente homem de fé, e ele cai com Saul (1 Sm 31:2).
Ao todo, Saul reinou por 40 anos. Como tipo, ele prefigura o rei voluntarioso,
o anticristo (Dn 11:36).
No segundo livro de
Samuel, temos o reino de Davi estabelecido no poder, primeiro em Hebrom, sobre
Judá, por sete anos e meio (2 Sm 1-4), e depois sobre todo o Israel (2 Sm 5).
Ao todo, Davi reinou 40 anos (1 Rs 2:11). “E houve uma longa guerra entre a
casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se ia fortalecendo, mas os da casa de
Saul se iam enfraquecendo” (2 Sm 3:1). Não é a escolha do homem ou seus
feitos, esta é a eleição soberana de Deus. “Além disto, rejeitou a tenda de
José, e não elegeu a tribo de Efraim. Antes elegeu a tribo de Judá: o monte de
Sião, que Ele amava” (Sl 78:67-68). A vida e o reino de Davi se apresentam,
em figura, Cristo e o estabelecimento de Seu reino.
Nos livros de Samuel,
temos o homem em responsabilidade e, como sempre, ele falha. Desleixado em
Jerusalém, Davi cai em pecado com Bate-Seba (2 Sm 11). Para encobrir seu
pecado, ele causou a morte de Urias, marido de Bate-Seba, e contado entre seus
valentes (2 Sm 23:39). A confissão de Davi é registrada de forma bela no Salmo
51, mas o governo de Deus deve seguir seu curso e Davi se submete a isso. “tudo
o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7), é um princípio
permanente. Pecado, morte e rebelião seguem na casa de Davi. Que triste ler
suas últimas palavras: “Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus” (2 Sm 23:5).
Segundo Samuel encerra
com julgamento sobre Israel, de Dan até Berseba (2 Sm 24:15). Jeová, agindo com
misericórdia, impede a mão do anjo de destruir Jerusalém, enquanto Davi
intercede pelo povo, reconhecendo o pecado como seu – “Eis que eu pequei, e eu procedi perversamente: porém estas ovelhas,
que fizeram? seja a Tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai” (2 Sm 24:17 – TB). O sacrifício
deve ser oferecido, e ali em Moriá (onde Abraão ofereceu Isaque) é feita a
expiação.
Ao observarmos os
eventos mundiais atuais, temos paz sabendo que o futuro de Sião repousa com
Deus, não com o homem. Os livros de Samuel apresentam uma imagem vívida e
profética das relações de Deus com Israel e da restauração da nação num dia próximo.
Muito bom pra entender
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