O versículo de abertura
do livro de Rute nos dá o tempo e o cenário dessa breve narrativa, tanto
histórica quanto moralmente. “nos dias em que os juízes julgavam, houve uma
fome na terra” (Rt 1:1). Ruína e fracasso caracterizaram o livro de juízes;
graça e vida são características de Rute. Também vemos fé; uma fé que se
apodera dessa graça e a apropria.
O significado dos nomes
usados ao longo do livro, tanto de indivíduos quanto de lugares, é muito
instrutivo. O livro aborda a família de Elimeleque (“meu Deus é Rei”), que com
sua esposa Naomi (“meu prazer”) e dois filhos, Malom (“doença grave”) e Quiliom
(“expectativa ansiosa”), vivem em Belém (“casa de pão”). Deixando a terra
escolhida por causa da fome, a família busca refúgio na terra de Moabe. Ao
contrário da instrução de Deus, os dois filhos se casam com filhas da terra (Dt
23:3).
Elimeleque, Malom e Quiliom
morrem naquele país estranho, deixando três viúvas, Noemi e suas noras
moabitas, Rute e Orfa. Rute, apegando-se não apenas a Noemi, mas também ao Deus
de Noemi e ao Seu povo, volta com ela para Belém. Como as palavras de Rute, uma
gentia estrangeira, contrastam com as de Noemi (Rt 1:15-17). Reconhecendo a mão
de Deus em sua vida, Noemi pede que ela seja chamada Mara (amargura), “porque grande amargura me tem dado o
Todo-poderoso” (Rt 1:20).
Tendo retornado a Belém
(“casa do pão”), encontramos uma maravilhosa história de graça e redenção. Boaz
(“força”) paga o preço da redenção, e Rute torna-se sua esposa. Somente a graça
poderia realizar essa tarefa, pois Rute, a moabita, era uma estranha aos concertos
da promessa. Este belo livro, que começou com fome, morte e amargura, agora
termina com vida.
O filho de Rute, Obede,
é visto como filho de Noemi (Rt 4:17). Obede é o pai de Jessé e o avô do rei
Davi. Rute, juntamente com Tamar, Raabe (a mãe de Boaz) e Bate-Seba, são as
únicas mulheres mencionadas na genealogia do Senhor Jesus (Mt 1). Quem pode sondar
a graça de Deus?
Profeticamente, Rute
representa o futuro remanescente judeu. Retratada como uma gentia destituída de
direito ou título, ela se identifica com a condição desolada do povo afligido
(Mara). Boaz, uma figura de Cristo, assume a causa de Rute, casa-se com ela,
redime a herança (a terra da Palestina) e levanta o memorial perdido de Israel[1].
[1] N. do A.: Walter
Scott, Bible Handbook (Manual Bíblico).
Muito precioso!
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