A epístola de Tiago
causou dificuldades a muitas almas ansiosas. Aqueles que falsamente ensinam a
salvação por meio de obras enfatizam a epístola. No entanto, uma leitura
cuidadosa da epístola e reconhecendo a quem é endereçada dissipa todas as
dificuldades.
Tiago escreve para as
doze tribos da dispersão, tanto os salvos quanto os não salvos. No tempo em que
foi escrita, um judeu salvo ainda podia ser encontrado na sinagoga e sendo
zeloso pela lei – eles ainda estavam associados à nação incrédula (At 21:20).
Alguém poderia ter confundido um crente com seu compatriota incrédulo. Esta epístola
convida o crente a mostrar a sua fé pela sua caminhada exterior – é
justificação diante dos homens, em contraste distinto com Romanos, onde temos
justificação diante de Deus.
Não se pode ver a fé
mais do que se pode ver o vento; cada um, no entanto, afeta o que o rodeia de
uma forma muito visível. A Cristandade está cheia de profissão vazia; o que
encontramos na epístola de Tiago é uma admoestação necessária para hoje.
Procuramos nos misturar no Cristianismo, ou é a realidade da nossa fé visível a
todos?
Esboço
Capítulo 1. Agir como Cristão
é fácil quando os ventos são favoráveis, mas qual é a nossa resposta quando
surgem as tempestades? “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque,
quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos
que O amam” (Tg 1:12). Infelizmente, estamos aptos a deixar nossa língua
escorregar; ser um cumpridor da Palavra de Deus não está em nossa antiga
natureza. No entanto, Deus, o Pai, nos gerou de acordo com Sua própria vontade
pela Palavra da verdade e, assim, cumprir não é mais servidão, mas possuímos
uma natureza governada pela perfeita lei da liberdade (Tg 1:18, 25).
O capítulo 2 apresenta
o vínculo inseparável entre fé e prática. Devemos caminhar como aqueles que
devem ser julgados pela lei da liberdade (Tg 2:12). Em Tiago, o ato público de
fé de Abraão – oferecendo a Isaque – é mencionado antes de ele ter crido em
Deus. “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe
isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus” (Tg 2:23). Nada
aqui contradiz Romanos; tudo está em perfeita harmonia (Rm 4). A obediência de
Abraão no Monte Moriá corroborou sua fé.
Capítulo 3. “Meus
irmãos, muitos de vós não sejam mestres [professores – JND],
sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1). A palavra “mestre”,
mais corretamente traduzida como “professor”, tem o sentido de um rabino (ver
João 1:38; 3:2). O sistema rabínico, característico do judaísmo moderno, não
tem correspondência no Cristianismo. Além disso, andar ao contrário do que é
ensinado é uma coisa mais séria. Mais do que tudo, é o nosso discurso que nos
trai. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as
suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3:13).
O capítulo 4 aborda a
natureza desenfreada. O coração do homem está cheio de cobiça e se manifesta na
inveja e na contenda. Tal coração encontra comunhão com o mundo, mas a amizade
com o mundo é inimizade com Deus (Tg 4:4). O espírito judicial é condenado,
assim como a vontade própria (Tg 4:11-17).
O quinto e último
capítulo começa com um aviso solene contra o acúmulo de riquezas, especialmente
à custa dos pobres (Tg 5:1-6). Estas eram exortações familiares aos judeus, que
naturalmente procuravam a bênção terrena (ver Am 2:6). O crente é para esperar
pacientemente a vinda do Senhor (Tg 5:7-8). Homens fiéis do passado são dados
como exemplos – homens de paixões como nós. Também temos um recurso poderoso na
oração (Tg 5:11-18).
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