Breves Esboços dos Livros da BÍBLIA - Nicolas Simon
Traduzido, publicado e distribuído no Brasil com autorização do autor por Verdades Vivas - verdadesvivas.com.br
quarta-feira, 10 de junho de 2020
sexta-feira, 1 de maio de 2020
Apocalipse
O apóstolo João escreveu
este, o livro final das Santas Escrituras, enquanto exilado na ilha grega de
Patmos. É a “Revelação de Jesus Cristo” (não de João), “a qual Deus Lhe
deu, para mostrar aos Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e
pelo Seu anjo as enviou, e as notificou [significou – TB] a João Seu servo” (Ap 1:1). O uso
dos verbos “mostrar” e “significar” (dar o significado ou sentido) marca a natureza exclusivamente
simbólica deste livro.
Uma bênção peculiar é
anexada à sua leitura: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as
palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o
tempo está próximo” (Ap 1:3).
Assim como os presentes
de Belsazar não eram atrativos a Daniel, as recompensas deste mundo não podem
nos seduzir se entendermos o significado deste livro (Dn 5:16-17). Banido pelo
imperador, o apóstolo se descreve como um “coparticipante da tribulação,
reino e paciência, em Jesus” (Ap 1:9 – JND), uma posição que é nossa
também, enquanto aguardamos o chamado: “Sobe aqui” (Ap 4:1).
Esboço
O Apocalipse pode ser
dividido em três partes: as coisas que João viu, capítulo 1; as coisas que são,
capítulos 2 e 3; e as coisas que serão a seguir, capítulos 4 a 22. Os onze
primeiros capítulos são, em grande parte, cronológicos, nos levando desde o dia
dos apóstolos pela história da Cristandade (capítulos 2 e 3) até os julgamentos
finais. Os capítulos 7, 10 e os treze primeiros versículos do capítulo 11 nos
fornecem detalhes entre parênteses. Do capítulo 11, versículo 19, até o final do
livro, temos vários esboços detalhando a história de Israel, a Cristandade
apóstata, esta Terra, o Milênio e o estado eterno. É importante entender que os
eventos desses capítulos se sobrepõem à história dos capítulos anteriores.
As Sete Igrejas
No primeiro capítulo,
Cristo é visto como o Filho do Homem, não no caráter com o qual o apóstolo
estava familiarizado, mas em trajes de julgamento (Ap 1:13-16). João O vê no
meio de sete castiçais, que são as sete assembleias a quem a porção é dirigida,
apresentados aqui em responsabilidade como portadores de luz (Ap 1:20). Nos
capítulos 2 e 3, cada assembleia é abordada em sequência. A escolha de sete
(completo) e a linguagem usada ao longo do texto (Ap 2:25; “depois destas”
em Ap 4:1) nos fazem entender que um esboço histórico da Cristandade está sendo
apresentado, e não apenas sete cartas às igrejas do primeiro século.
As três primeiras
assembleias descrevem períodos sucessivos. Éfeso, a Igreja do primeiro
século, é caracterizada como tendo deixado seu primeiro amor (Ap 2:4). Esmirna
é a Igreja perseguida do segundo e terceiro séculos, que Satanás, como um leão
que ruge, procurou devorar. Em Pérgamo, vemos a atividade da serpente
enganadora. Sob Constantino, a Cristandade se uniu ao mundo político pagão.
Em Tiatira – o
sistema sobre o qual Roma domina – há uma mudança. Agora temos a exortação para
reter o que temos “até que Eu venha” (Ap 2:25), e “quem tem ouvidos”
não é mais dirigido à Igreja como um todo (Ap 2:26, 29). As quatro igrejas
finais representam sucessivos estados sobrepostos que continuam até a vinda do
Senhor. Tiatira é seguida por Sardo protestante. Filadélfia é um
estado moral; eles guardaram a Sua Palavra e não negaram o Seu nome (Ap 3:8). A
esperança do Arrebatamento foi restaurada, pois eles são mantidos “fora da
hora da provação que está por vir sobre todo o mundo habitável” (Ap 3:10 –
JND). Laodiceia descreve o estado moral da Cristandade hoje; alegando
ser rica e sem necessidade de nada, sua condição miserável é exposta. O Senhor
é visto do lado de fora da assembleia batendo à porta (Ap 3:20). A Cristandade
apostatada será finalmente vomitada de Sua boca.
A Sétima Semana de Daniel
Os eventos históricos
descritos nos capítulos 4 a 11 ocorrem após o Arrebatamento. A Igreja, como
João, aguarda o chamado “sobe aqui” (Ap 4:1). No capítulo 4, o trono
judicial de Deus aparece; tudo é Seu por direito como Criador. No capítulo 5,
vemos o Cordeiro como Redentor; somente Ele é digno de abrir o livro com sete
selos – os conselhos de Deus a respeito desta Terra. Os vinte e quatro anciãos
são os santos do Velho e do Novo Testamento; somente eles podem cantar o novo cântico
dos remidos. A presença deles no céu é explicada pelo Arrebatamento.
Os eventos que se
desenrolam com a abertura dos selos (capítulos 6 e 8) e o som das seis
primeiras trombetas (capítulos 8 e 9) formam a septuagésima semana de Daniel
(Dn 9:24-27). Esta terrível semana final de sete anos pode ser dividida em dois
períodos de 3,5 anos.
O início da semana é
marcado por uma aliança entre Israel e o Império Romano revivido – uma Europa
unida sob 10 governantes, apoiada pelo papado, a Grande Babilônia (Dn 7:7; Ap
13:1, 17:3). Este período é marcado por conquista política, espada, fome,
pestilência e caos político (Ap 6). Muitos fiéis à Palavra de Deus serão
martirizados (Ap 6:9-11, 17:6).
A ascensão à
proeminência do chifre pequeno (a besta) marca o meio da semana (Dn 7:7-8,
19-25; Ap 13:1-10). Todos os vestígios restantes da Cristandade apóstata (a
Grande Babilônia) serão derrubados e destruídos (Ap 17:16-17). As leis judaicas
serão alteradas e o templo profanado (Dn 7:25, 12:11). A besta será adorada (Ap
13:4), enquanto o anticristo “se opõe e se exalta ao alto contra tudo
chamado Deus, ou objeto de veneração; de modo que ele mesmo se senta no templo
de Deus, mostrando a si mesmo que ele é Deus” (2 Ts 2:4 – JND). A entrega
do homem ao poder satânico marca a segunda metade da semana. Com a sexta
trombeta, o rei do Norte começará sua mobilização com ataques contra o reino da
besta (Ap 9:13-19). A sétima trombeta anuncia o tempo da ira de Deus contra
Seus inimigos e o estabelecimento de Seu reinado eterno (Ap 11:15-18).
Cenas proféticas
O capítulo 12 retoma a
história de Israel – a mulher – e o filho homem que ela teve – Cristo – que
Roma procurou destruir. O capítulo retoma sua história com os últimos 3,5 anos de tribulação, uma época em que o dragão – o diabo – perseguirá gravemente
o remanescente judeu.
Junto com o dragão, as
duas pessoas descritas no capítulo 13 completam uma trindade do mal. O Império
Romano, em sua forma final, surgirá como um animal vindo do mar, com sete
cabeças e dez chifres. No meio da semana, o poder é consolidado em um único
indivíduo – a besta (Ap 13:5). Do versículo 11, temos o anticristo, que
trabalhará em conjunto com a besta. Tendo dois chifres como um cordeiro, ele
fala como um dragão (Ap 13:11). Enquanto esse trio maligno interpreta seu
roteiro final, Deus, sempre no controle, intervém em graça e julgamento (cap.
14).
As Sete Taças
As sete taças dos
capítulos 15 e 16 são derramadas durante a última metade da semana e caem entre
o som da sexta e sétima trombeta. São as sete últimas pragas; neles a fúria de
Deus está completa (Ap 15:1). As taças, em contraste com as trombetas, não se
limitam à “terça parte” e são derramadas sobre a Terra, o mar, os rios e
o Sol. Embora a Babilônia religiosa seja expulsa no meio da semana, a Babilônia
política como símbolo do domínio gentio que começou com Nabucodonosor não é
destruída até o final da semana com a última taça (Ap 16:17-21).
Da Destruição da Babilônia ao Estado Eterno
Os capítulos 17 e 18
nos dão a história da Babilônia religiosa, a mãe das prostitutas. O capítulo 18
apresenta a visão de Deus sobre a destruição dela. Em contraste, o capítulo 19
nos leva às bodas do Cordeiro.
A próxima cena,
testemunhada por João, é de Cristo, como Rei dos reis e Senhor dos senhores,
aparecendo com Seus santos. A besta e os reis da Terra com seus exércitos se
reunirão para fazer guerra com o Cordeiro, apenas para serem levados e lançados
vivos no lago de fogo; o resto será morto (Ap 19:11-21).
Isso inicia um período
de mil anos, durante o qual Satanás será preso, e os martirizados sob a besta
reinarão com Cristo – este é o Milênio (Ap 20:3-4). No final dos 1.000 anos,
Satanás será solto por um período, durante o qual ele enganará as nações que
fingiram obediência, reunindo-as para a batalha final, onde serão destruídas
pelo fogo (Ap 20:7-9) A segunda ressurreição, a ressurreição da condenação,
seguirá, com o julgamento dos mortos diante do grande trono branco (Ap
20:11-15, Jo 5:29).
Os oito primeiros
versículos do capítulo 21 completam a história, com a introdução de um novo céu
e uma nova Terra e o estabelecimento do estado eterno. “Eis aqui o
tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo,
e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Ap 21:3).
A Glória Celestial do Milênio
Com os eventos desde a
queda da Babilônia até o estado eterno descrito, agora voltamos a considerar a
posição da Igreja durante o Milênio. Em contraste com “a Grande Babilônia”
– uma cidade – e a “mãe das prostitutas” – uma mulher – temos a noiva, a
esposa do Cordeiro, descendo do céu de Deus como uma grande cidade, a santa
Jerusalém (Ap 21:9-10). Esta cidade não deve ser confundida com a nova
Jerusalém do versículo 2, ou a Jerusalém milenar terrena (Ezequiel 48:15-20). A
descrição e a cidade são simbólicas. Os cinco primeiros versículos do capítulo
22 completam a descrição.
Conclusão
As palavras da profecia
são fiéis e verdadeiras e logo devem acontecer (Ap 22:6). O estado de cada um
será imutável para a eternidade – os injustos serão injustos, e os justos serão
justos (Ap 22:11). “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga:
Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”
(Ap 22:17). “Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho.
Amém. Ora vem, Senhor Jesus” (Ap 22:20).
Judas
A epístola de Judas
antecede as Epístolas de João, tanto moral como cronologicamente. Na epístola
de João, os anticristos haviam saído do meio dos Cristãos; nesta epístola, os
homens “se introduziram furtivamente”
(Jd 4 – AIBB). A linguagem de Judas é semelhante à de Pedro (2 Pe 2), embora
Pedro enfatize o pecado – “tendo os
olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar” (2 Pe 2:14), o assunto
de Judas é apostasia, a rejeição da fé.
Judas adverte contra
aqueles que rejeitaram a verdade por causa do ganho temporal, enquanto isso
exortava os santos a “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”
(Jd 3). A apostasia não era uma fase na história da Igreja, mas continuaria até
a vinda do Senhor com Seus santos, como Enoque profetizou: “Eis que é vindo
o Senhor com milhares de Seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar
dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que
impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram
contra Ele” (Jd 14- 15).
Esboço
O livro começa com a
segurança do crente em Jesus Cristo e termina com louvor a um Deus Salvador,
que é o Único capaz de impedir que caiamos. Entre isso temos três exemplos de
apostasia no Velho Testamento (Jd 5-7), mais três que ilustram a progressão do
mal na Cristandade (Jd 11) e quatro exemplos da natureza, cada um dos quais
termina em julgamento (Jd 12-13). Por causa de sua incredulidade, muitos em
Israel falharam em alcançar a terra prometida. Anjos, que em orgulho se
afastaram de seu estado original, são mantidos em cadeias eternas, aguardando
julgamento. A imoralidade de Sodoma e Gomorra resultou no fogo eterno do
julgamento. Da mesma maneira, esses apóstatas “contaminam a sua carne, e
rejeitam a dominação [governo
– ARA], e vituperam as dignidades [autoridades
– ARA]” (Jd 8).
Em Caim, vemos o homem
e sua religião em violenta oposição à verdade (Gn 4). Balaão disse o que era
necessário, em troca de uma propina, e semeou a corrupção na assembleia de Deus
(Nm 22-24; Ap 2:14). Finalmente, em Coré, temos alguém que se rebelou
abertamente contra o sacerdócio escolhido e santo de Deus, alegando que toda a
congregação era santa (Nm 16:3).
Um apóstata está
duplamente morto: primeiro, por natureza e segundo, em sua rejeição da graça de
Deus (Jd 12). Um navegador, tanto velho quanto atual, encontra o caminho pela
posição fixa e permanente das estrelas. Um planeta não fornece essa âncora e
reside na negrura das trevas (Jd 13). O crente é exortado em quatro coisas:
edificar, orar, guardar e olhar. “Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos
no amor de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna” (Jd 20-21).
Devemos ter compaixão
daqueles que foram apanhados pela influência de outros, embora a roupa manchada
pela carne deva ser odiada (Jd 23). Para o santo de Deus, Judas, com confiança,
oferece esta doxologia: “Ora, àqu’Ele que é poderoso para vos guardar de
tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória,
ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e
majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o
sempre. Amém!” (Jd 24-25).
Primeira, Segunda e Terceira Epístolas de João
As epístolas de João
foram escritas muito mais tarde no primeiro século. Interpretações místicas
haviam surgido a respeito da Pessoa do Senhor Jesus Cristo; o Cristianismo foi
visto como um sistema que deve crescer e se desenvolver com o tempo – uma visão
amplamente defendida hoje. É a “última hora” (1 Jo 2:18). O apóstolo
declara esses pensamentos, levando o leitor de volta ao começo do tempo em que
Cristo Se manifestou aqui neste mundo.
João apresenta as
coisas de forma abstrata, ou seja, ele dá o caráter essencial delas sem fazer referência
à experiência. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado” (1 Jo
3:9) é uma afirmação do fato. Da mesma forma, “quem comete o pecado é do
diabo” (1 Jo 3:8). Estes não descrevem uma pessoa, mas aquela nova vida,
gerada por Deus – a vida eterna, em contraste com o que somos por natureza. É
vital que tenhamos uma perspectiva fora do contexto da experiência,
especialmente quando a Cristandade está tão corrompida pela falsa doutrina. Na
epístola de João, não é uma questão de andar de acordo com a luz, mas sim de
caminhar na luz (1 Jo 1:7).
Primeira Epístola de João
O grande tema da
primeira epístola é a vida eterna no Filho de Deus. No evangelho de João, vemos
aquela vida em todos os lugares exibida na Pessoa do Senhor – “Eu Sou o
caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6). Aqui vemos o resultado no crente
como participante dessa vida divina.
Esta epístola não é
expositiva, mas sim o derramar do coração do velho apóstolo. Treze vezes João
refere-se ao que ele estava escrevendo ou seu propósito em escrever.
Referências repetidas são feitas para as coisas que nós, como crentes,
conhecemos e para aquelas coisas pelas quais distinguimos o verdadeiro do
falso. Nove vezes ele usa a expressão “nascido” ou “gerado por Deus”,
mostrando o que caracteriza a nova natureza. Somos membros de uma nova família.
João escreve, desejando
que o gozo do crente possa ser completo (1 Jo 1:4). Isso só pode vir por estar
em comunhão com o Pai e Seu Filho Jesus Cristo, como conhecido e revelado pelos
apóstolos. Ele escreve que crentes não devem pecar; a advocacia de Cristo
restaura a comunhão quando pecamos (1 Jo 2:1). Ao finalizar a epístola, o apóstolo
declara, “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida
eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (1 Jo 5:13).
No capítulo 2, os
crentes em diferentes estágios de maturidade são abordados – os pais, os jovens
e as crianças. Enquanto os rapazes e as criancinhas são avisados dos perigos
que os cercam, aos pais ele escreve duas vezes: “porque conhecestes aqu’Ele
que é desde o princípio” (1 Jo 2:13-14). Desejoso de nada mais e nada de
novo, Cristo, que é desde o princípio, é tudo para eles. Mesmo as crianças em
Cristo têm a unção do Santo – o Espírito Santo – e “conhecem todas as coisas”
(1 Jo 2:20). Eles não precisam de nada mais e não há nada de novo.
No capítulo 3, os
filhos de Deus são manifestos, assim como são os filhos do diabo. No capítulo 4
temos testes por meio dos quais podemos distinguir espíritos falsos dos
verdadeiros. Devemos amar uns aos outros; é característico da natureza divina. Esse
amor é exercido em obediência e não será à custa da verdade. “Nisto
conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os Seus
mandamentos” (1 Jo 5:2).
Conhecemos o verdadeiro
Deus, possuímos a vida eterna e qualquer coisa fora disso é um ídolo. “Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5:21).
Segunda Epístola de João
A Segunda Epístola de
João é dirigida à “senhora eleita e aos seus filhos” (2 Jo 1). Possivelmente
“senhora” deve ser deixado como o nome próprio feminino “Kyria”;
não é, no entanto, uma referência à Igreja, como alguns sugeriram, pois, a Igreja
não é eleita; indivíduos são.
Como a primeira, esta epístola
preocupa-se com a manutenção da verdade. João muito se regozijou em encontrar
entre seus filhos aqueles que andam na verdade (2 Jo 4). Mais uma vez lemos “aquele
mesmo que desde o princípio tivemos” (2 Jo 5). Aqui é que nos amemos uns
aos outros; mas o amor que flui de Deus sustenta a verdade: “E o amor é
este: que andemos segundo os Seus mandamentos” (2 Jo 6). Muitos enganadores
saíram para este mundo; eles não devem ser recebidos e devem ser rejeitados por
causa da doutrina deles (2 Jo 7-10). A natureza afetuosa e hospitaleira,
especialmente a de uma irmã, poderia ultrapassar seus limites em receber tal
indivíduo. João adverte que não devemos saudar um tal (2 Jo 10). “Saudar”
no grego é a palavra “regozijar” e foi usada como uma saudação; da mesma
forma, não devemos encorajar aqueles que negam a Pessoa do Senhor, mesmo com
algo tão inocente quanto uma saudação.
Terceira Epístola de João
Esta carta é dirigida
ao bem amado Gaio, de quem João poderia dizer: “a quem, em verdade, eu amo”
(3 Jo 1). Aqui estava um irmão que João poderia desejar acima de tudo que ele
pudesse prosperar e ter saúde – assim como ele prosperou em sua alma (3 Jo 2). Esta
epístola, não trata daqueles que devem ser rejeitados, mas sim daqueles que
devem ser recebidos: “Portanto aos tais devemos receber, para que sejamos
cooperadores da verdade” (3 Jo 8).
Mais uma vez, o assunto
é a verdade: “Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e
testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade” (3 Jo 3).
A caridade e a
hospitalidade de Gaio são registradas (3 Jo 6). Diótrefes, por outro lado,
adorava ter a preeminência e não recebia o apóstolo. Suas palavras ofensivas e
maliciosas não seriam esquecidas (3 Jo 9-10). Demétrio tinha um bom testemunho
de todos os homens e da própria verdade (3 Jo 12).
Confiando em vê-los em
breve, João envia saudações e instrui Gaio a cumprimentar os amigos pelo nome –
e nós também devemos (3 Jo 14).
As Epístolas de Pedro
O caráter das epístolas
de Pedro está de acordo com a pessoa de Pedro. Certamente é o Pedro restaurado,
o apóstolo, pastoreando o rebanho de Deus; no entanto, vemos nelas as
experiências dos evangelhos (Jo 21:15-19). A primeira epístola foi
provavelmente escrita da Babilônia (1 Pe 5:13), enquanto a proximidade do seu
martírio sugere que a segunda poderia ser de Roma[1] (2
Pe 1:14). A referência à Babilônia não é simbólica; o versículo deve lido, “A
vossa co-eleita em Babilônia vos saúda, e meu filho Marcos” (1 Pe 5:13) – refere-se
a um indivíduo, não a Igreja (eleição é individual).
Ambas as epístolas são
dirigidas aos crentes judeus espalhados por toda a Ásia Menor (1 Pe 1:1; 2 Pe
3:1). Eles haviam abandonado o judaísmo para o Cristianismo, sua herança era
celestial, e seu Messias glorificado. Física e espiritualmente eram peregrinos e
forasteiros (1 Pe 2:11). O apóstolo os encoraja em seu caminho terrestre, uma
maneira repleta de provações e perseguições. A salvação em sua plenitude é uma
coisa futura (1 Pe 1:4-5). O governo de Deus é especialmente trazido diante de
nós – na primeira epístola, em relação aos justos, enquanto na segunda, no
julgamento dos ímpios.
Primeira Epístola de Pedro
No capítulo 1 temos a
esperança do Cristão – uma viva esperança. Embora existam provações, os
resultados terão um peso eterno (1 Pe 1:7). O governo diário de Deus deve ser
reconhecido, e passamos este tempo de peregrinação em temor, não porque somos incertos quanto à
salvação, mas porque fomos redimidos “com o precioso sangue de Cristo, como
de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1 Pe 1:16-19).
No capítulo 2, versículos
de 1 a 10, temos privilégios Cristãos. Em contraste com o templo judeu, somos,
como pedras vivas, “edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para
oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pe
2:5). Cristo é a pedra de esquina. Com nosso serviço para com Deus assim
estabelecido, encontramos que há também um testemunho ao homem: “Mas vós
sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para
que anuncieis as virtudes daqu’Ele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa
luz” (1 Pe 2:9).
Em conexão com essas
duas coisas – nosso serviço diante de Deus e nosso testemunho diante deste mundo – experimentamos
o governo moral de Deus em nossa vida. A arca e Dagom não podiam habitar juntos
(1 Sm 5:3). “Sede santos, porque Eu Sou santo” (1 Pe 1:16).
Pedro começa a sua
exortação com: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos
abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1 Pe
2:11). Ele vê a peregrinação do Cristão como um caminho de sofrimento, no meio
do qual devemos nos comportar de tal maneira a trazer glória a Deus. Isso se
aplica tanto em relação aos governos e patrões, bem como nas relações
domésticas. “Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados.
E não temais com medo deles, nem vos turbeis” (1 Pe 3:14).
Quando nossa vida é
governada pela vontade de Deus, sofremos; tal caminhada deve ser à custa da
nossa própria vontade (1 Pe 4:1-2). Um caminho de excesso mundano pode ter seus
prazeres, mas aqueles que caminham assim terão que prestar contas a Ele que
está pronto para julgar os vivos e os mortos (1 Pe 4:4-5).
Temos um dom; devemos
usá-lo para a glória de Deus como fiéis despenseiros (1 Pe 4:10). Se sofremos
pelo nome de Cristo, então somos felizes (1 Pe 4:14). Ninguém deve sofrer como
um malfeitor (1 Pe 4:15). Deus trabalha Seus caminhos de governo primeiro com
aqueles mais próximos d’Ele, e assim o julgamento deve começar pela casa de
Deus (1 Pe 4:17).
O livro termina com o
velho Pedro exortando os anciãos, “Apascentai o rebanho de Deus” (1 Pe
5:2). E aos mais jovens, “sede sujeitos aos anciãos” (1 Pe 5:5). “E o
Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à Sua eterna glória,
depois de haverdes padecido um pouco, Ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará,
fortificará e fortalecerá” (1 Pe 5:10).
Segunda Epístola de Pedro
A segunda epístola de
Pedro aborda a terrível impiedade dos últimos dias da Cristandade. Mestres não
regenerados, negando o Senhor que os comprou, seduziriam com palavras vãs,
prometendo liberdade, mas levando almas à escravidão do pecado (cap. 2:1 – TB).
Os escarnecedores zombariam do Cristianismo e da esperança do crente (cap. 3).
Enquanto os capítulos 2
e 3 são sombrios, o primeiro é brilhante com encorajamento. Pedro os exorta a procurarem
fazer cada vez mais firme a vocação e eleição, não aos olhos de Deus,
pois isso tornaria as palavras sem sentido, mas no andar deles. Ele deseja
que a nossa entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo seja
abundante, ricamente suprida (2 Pe 1:11). Pedro recorda o monte da transfiguração;
como ele poderia esquecer essa cena? (2 Pe 1:17-18). Realmente temos uma
palavra de certeza, pois aguardamos, não o nascer do Sol, mas a estrela da
manhã (2 Pe 1:19).
Enquanto a linguagem
desta epístola, e especialmente o segundo capítulo, assemelha-se a Judas, lá
está a apostasia mencionada, e aqui está o pecado. Pedro ao usar os anjos como
um exemplo diz: “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram” (2 Pe
2:4), enquanto Judas, usando um exemplo semelhante, relata: “E aos anjos que
não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação” (Jd
6).
Era o desejo de Pedro
que eles pudessem estar atentos às palavras ditas pelos apóstolos (2 Pe 3:1-2).
A sua maneira de falar não oferece qualquer sugestão de sucessão apostólica.
Assim como havia zombadores no dia de Noé, suas vozes são hoje em alto e claro
tom. O mundo, no entanto, não está agora sendo reservado para uma inundação, mas para o fogo, e
a dissolução total do céu e da Terra. Sabendo disso, devemos ser diligentes em procurar
“que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz” (2 Pe
3:14).
[1] N. do A.: A história secular registra que Pedro
morreu em Roma, uma visão amplamente aceita.
Tiago
A epístola de Tiago
causou dificuldades a muitas almas ansiosas. Aqueles que falsamente ensinam a
salvação por meio de obras enfatizam a epístola. No entanto, uma leitura
cuidadosa da epístola e reconhecendo a quem é endereçada dissipa todas as
dificuldades.
Tiago escreve para as
doze tribos da dispersão, tanto os salvos quanto os não salvos. No tempo em que
foi escrita, um judeu salvo ainda podia ser encontrado na sinagoga e sendo
zeloso pela lei – eles ainda estavam associados à nação incrédula (At 21:20).
Alguém poderia ter confundido um crente com seu compatriota incrédulo. Esta epístola
convida o crente a mostrar a sua fé pela sua caminhada exterior – é
justificação diante dos homens, em contraste distinto com Romanos, onde temos
justificação diante de Deus.
Não se pode ver a fé
mais do que se pode ver o vento; cada um, no entanto, afeta o que o rodeia de
uma forma muito visível. A Cristandade está cheia de profissão vazia; o que
encontramos na epístola de Tiago é uma admoestação necessária para hoje.
Procuramos nos misturar no Cristianismo, ou é a realidade da nossa fé visível a
todos?
Esboço
Capítulo 1. Agir como Cristão
é fácil quando os ventos são favoráveis, mas qual é a nossa resposta quando
surgem as tempestades? “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque,
quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos
que O amam” (Tg 1:12). Infelizmente, estamos aptos a deixar nossa língua
escorregar; ser um cumpridor da Palavra de Deus não está em nossa antiga
natureza. No entanto, Deus, o Pai, nos gerou de acordo com Sua própria vontade
pela Palavra da verdade e, assim, cumprir não é mais servidão, mas possuímos
uma natureza governada pela perfeita lei da liberdade (Tg 1:18, 25).
O capítulo 2 apresenta
o vínculo inseparável entre fé e prática. Devemos caminhar como aqueles que
devem ser julgados pela lei da liberdade (Tg 2:12). Em Tiago, o ato público de
fé de Abraão – oferecendo a Isaque – é mencionado antes de ele ter crido em
Deus. “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe
isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus” (Tg 2:23). Nada
aqui contradiz Romanos; tudo está em perfeita harmonia (Rm 4). A obediência de
Abraão no Monte Moriá corroborou sua fé.
Capítulo 3. “Meus
irmãos, muitos de vós não sejam mestres [professores – JND],
sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1). A palavra “mestre”,
mais corretamente traduzida como “professor”, tem o sentido de um rabino (ver
João 1:38; 3:2). O sistema rabínico, característico do judaísmo moderno, não
tem correspondência no Cristianismo. Além disso, andar ao contrário do que é
ensinado é uma coisa mais séria. Mais do que tudo, é o nosso discurso que nos
trai. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as
suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3:13).
O capítulo 4 aborda a
natureza desenfreada. O coração do homem está cheio de cobiça e se manifesta na
inveja e na contenda. Tal coração encontra comunhão com o mundo, mas a amizade
com o mundo é inimizade com Deus (Tg 4:4). O espírito judicial é condenado,
assim como a vontade própria (Tg 4:11-17).
O quinto e último
capítulo começa com um aviso solene contra o acúmulo de riquezas, especialmente
à custa dos pobres (Tg 5:1-6). Estas eram exortações familiares aos judeus, que
naturalmente procuravam a bênção terrena (ver Am 2:6). O crente é para esperar
pacientemente a vinda do Senhor (Tg 5:7-8). Homens fiéis do passado são dados
como exemplos – homens de paixões como nós. Também temos um recurso poderoso na
oração (Tg 5:11-18).
Hebreus
A epístola aos Hebreus não
traz o nome de nenhum escritor. Pelo contrário, o próprio Senhor é
peculiarmente o Autor desta epístola: “Deus... falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho” (Hb 1:1). Cristo é visto como o apóstolo: “Pelo que, irmãos
santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, Apóstolo
e Sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb 3:1).
O livro é escrito aos
Hebreus – o ‘nós’ usado habitualmente por toda parte – um povo cujas
esperanças eram terrenais. Eles procuraram um reino terrestre e um Messias
terrestre, mas onde estava tudo isso agora? Esta epístola eleva os olhos para o
céu. Lá vemos aqu’Ele de Quem está escrito: “Ó Deus, o Teu trono subsiste pelos séculos dos séculos,
cetro de equidade é o cetro do Teu reino” (Hb 1:8, citado de Sl 45:6). Lá
vemos Jesus “coroado de glória e de honra aqu’Ele Jesus que fora feito um
pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte” (Hb 2:9).
Para o judeu que havia
recebido Jesus como Messias (Lc 24:21; At 19:1-4), isto era, sem dúvida, desconcertante.
Contudo, por tudo o que os judeus valorizavam, coisas melhores são encontradas
em Cristo: uma esperança melhor, uma aliança melhor, promessas
melhores, um sacrifício melhor, no céu uma natureza permanente e
melhor e um país melhor. Hebreus lhes abre coisas vistas apenas pela fé.
Para nós, num dia em
que o Cristianismo se tornou uma religião terrena, a epístola aos Hebreus
também nos leva para fora desta cena, por meio do véu rasgado, para dentro do
próprio céu.
Infelizmente, havia
aqueles que tinham sido participantes das maravilhas e milagres do Espírito
Santo, mas estavam em perigo de rejeitar este testemunho, para voltar ao ritual
morto do judaísmo. Isso é apostasia – ter chegado tão longe e depois se afastar
da verdade. A graça rejeitada deixa o homem sem remédio.
Coisas Melhores
A epístola aos Hebreus
segue uma linha de raciocínio facilmente discernível. Ela não é dirigida a uma
assembleia e nem se ocupa questões de assembleia. Em vez disso, tem a forma de
um tratado, seu propósito especial descrito acima.
No capítulo 1 temos o Filho
de Deus: Sua glória como Filho e Messias, e Sua superioridade aos anjos. O capítulo
2 traz diante de nós o Filho do Homem: o Capitão da salvação e Santificador
daqueles a quem chama de Seus irmãos. Entre os dois temos um parêntese: “se
a palavra falada pelos anjos permaneceu firme... como escaparemos nós, se não
atentarmos para uma tão grande
salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois,
confirmada pelos que a ouviram”
(Hb 2:2-3).
O capítulo 3 contrasta
Cristo como Filho sobre Sua própria casa com Moisés; Isso nos leva à jornada do
deserto. Muitos que deixaram o Egito não conseguiram entrar na terra de Canaã.
Eles deviam tomar cuidado, para que eles também não encontrassem dentro de si o
mesmo um coração de incredulidade. No capítulo 4, temos o assunto de descanso.
Canaã era o seu destino, o seu descanso, mas há um descanso além da terra
prometida – “Meu repouso” (Sl 95:11). Resta, então, um descanso para o povo
de Deus. Tal como acontece com os que estão no deserto, temos um Sumo Sacerdote
– Um que penetrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, que Se compadece de nossas
enfermidades, tendo sido tentado em todas as coisas da mesma maneira, “à parte do pecado” (Hb 4:14-15 – JND)
O capítulo 5 desenvolve
ainda mais o sacerdócio do Senhor Jesus, comparando e contrastando com o
Sacerdócio Aarônico. Cristo glorificou não a Si mesmo para ser feito um Sumo sacerdote,
mas Deus O nomeou Sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque (Sl
110:4). O escritor desenvolveria este assunto mais adiante, mas deve
primeiramente abordar sobre o estado espiritual deles; eles tinham se tornado negligentes
para ouvir. As coisas escritas anteriormente são tipos e sombras, mas eles não as
entendiam.
O capítulo 6 é uma
exortação a prosseguirmos “ao que pertence ao crescimento completo” (Hb
6:1 – JND). Eles não eram ignorantes dos princípios da doutrina de Cristo – o
Messias, o Ungido do Senhor (Hb 6:1). Não só isso, eles haviam testemunhado o
poder do Espírito Santo, que por si só falava da glorificação do Senhor. Não
havia como voltar atrás; as coisas anteriores seriam de nenhuma ajuda agora.
O capítulo 7 retoma o
assunto do quinto. O sacerdócio de Melquisedeque é em todos os aspectos
superior ao de Aarão. Abraão, de quem Aarão descendeu, pagou dízimos a Melquisedeque
(Hb 7:9-10).
No capítulo 8, temos a
nova aliança – uma melhor – estabelecida sobre melhores promessas, das quais
Cristo é o Mediador. Este é um concerto que será feito com a casa de Israel
(não a Igreja): “Porque este é
o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor”
(Hb 8:10). Um novo concerto necessariamente torna o anterior velho, pronto para
desaparecer (Hb 8:13).
O capítulo 9 contrasta
os sacrifícios da antiga aliança com o único, sacrifício perfeito de Cristo, um
sacrifício que não dá entrada em um tabernáculo terrestre – que era uma figura
do verdadeiro – mas no próprio céu (Hb 9:24).
O capítulo 10 continua
com o tema do sacrifício, agora em sua aplicação ao crente. “... a lei... nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a
eles se chegam”, mas, “temos sido santificados pela oblação do corpo
de Jesus Cristo, feita uma vez”
(Hb 10:1, 14).
O Caminho da Fé
A porção doutrinária
termina com o versículo 18 do capítulo 11; o caminho da fé na prática segue.
Como adoradores purificados, temos ousadia de entrar no santíssimo lugar pelo
sangue de Jesus. O véu está rasgado, ou seja, Sua carne – o véu rasgado do
templo confirmou o acesso que temos ao Santo dos santos, mas não foi o meio que
proporcionou o acesso (Hb 10:19-20 – ARA).
Aqueles a quem a epístola
é endereçada haviam sofrido perseguição, mas não poderia haver nenhum retorno –
isso seria apostasia. O escritor, no entanto, poderia confiadamente dizer, “Nós,
porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem
para a conservação da alma” (Hb 10:39). No capítulo seis, o Espírito Santo
é proeminente, no capítulo dez, o sacrifício de Cristo. Em cada caso o
comportamento daqueles que tinham sido iluminados, é considerado. No versículo
39 do capítulo 10, vemos uma distinção entre aqueles “que creem para a
conservação da alma” e aqueles que recuam, tendo apenas desfrutado as
bênçãos (e que agora estavam experimentando a perseguição) de sua posição
professada.
O justo deve viver pela
fé (Hb 10:38, citado por Hc 2:4). A Palavra de Deus não pode e não vai falhar; Habacuque
teve que aprender isso, assim como aqueles no capítulo 11. Cada um tinha que
andar por fé, não por vista. “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido
as promessas, mas vendo-as de longe e crendo-as e abraçando-as,
confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na Terra” (Hb 11:13).
No capítulo 12 empecilhos
e pecado nos embaraçam; as dificuldades do caminho levam ao desencorajamento;
as mãos ficam descaídas e os joelhos tornam-se débeis. Muito acima de todo o
exemplo terrestre, temos Um em Quem fixamos o nosso olhar, e cujo caminho
devemos considerar, Jesus na glória – o Autor e Consumador da fé. Temos também
um Pai amoroso, que vê que não desviaremos para fora do caminho, que castiga
aqueles a quem ama (cap. 12). “guia-me pelas veredas da justiça, por amor do
Seu nome... a Tua vara e o Teu cajado
me consolam” (Sl 23:3-4).
O velho reino terrestre
e seu característico monte, o Sinai inacessível, são contrastados com o futuro
reino milenar (Hb 12:18-24). O Sinai foi abalado com a entrega da lei, mas seu
reino será estabelecido com a comoção (abalo) do céu e da Terra (Hb 12:26,
citado de Ag 2:6-7). A graça não é um véu para o pecado, “porque o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12:29).
As exortações do
capítulo 13 terminam o livro. Não poderia haver mistura do velho altar
terrestre com o celestial. Cristo tinha padecido fora da porta; saiamos a Ele fora
do arraial, levando Sua rejeição (Hb 13:10-14).
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