sexta-feira, 1 de maio de 2020

Efésios

Éfeso era uma cidade próspera na costa ocidental da Ásia Menor e lar do grande templo da deusa Diana. Em Atos, lemos duas visitas de Paulo àquela cidade – sua segunda e terceira jornadas missionárias. A primeira ocasião foi breve (At 18:19-21), enquanto a segunda estendeu-se a mais de dois anos (At 19:1, 10). A última jornada de Paulo terminou em Jerusalém, e foi durante a etapa final daquela viagem que Paulo convocou de Mileto os anciãos de Éfeso – a última vez que ele os veria – advertindo-os: “Olhai pois por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a Igreja de Deus, que Ele resgatou com Seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho” (At 20:28-29). A viagem de Paulo a Jerusalém resultou em sua prisão, e, finalmente, seu transporte para Roma. Foi da prisão em Roma que esta carta foi escrita.

O Conselho de Deus em Cristo

Na epístola aos Efésios, temos o desenvolvimento mais elevado da verdade. O apóstolo revela os conselhos de Deus a respeito de Cristo e a Igreja, Seu corpo (Ef 1:22-23) – conselhos que tiveram sua origem antes da fundação do mundo (Ef 1:4). Romanos começa com o homem nas profundezas de sua depravação, enquanto Efésios começa com “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” e as bênçãos que Ele derramou sobre o homem – “o Qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Somos escolhidos n’Ele, tendo sido marcados de antemão para adoção por meio de Jesus Cristo para Si mesmo, aceitos no Amado, em Quem temos redenção, em Quem também obtivemos uma herança, em Quem também, tendo crido, estamos selados com o Espírito Santo da promessa (Ef 1:4-13). O primeiro capítulo conclui com a Igreja em união com Cristo, que é Cabeça para ela (não sobre ela).
Em Romanos, estamos mortos para o pecado e em Colossenses mortos para o mundo, mas em Efésios somos encontrados diante de Deus em toda a plenitude da bênção em Cristo. É uma nova vida – vivificados juntamente com Cristo – numa nova posição (Ef 2:5-6). O mesmo poder que coloca Cristo à mão direita de Deus, tendo-O ressuscitado dentre os mortos, coloca-nos na posse dessas coisas (Ef 1:19-20). Com o crente sentado no céu em Cristo Jesus, não há menção da vinda do Senhor (a Epístola de Paulo aos Gálatas também tem essa distinção, embora por razões muito diferentes). No segundo capítulo, temos a casa edificada – “para morada de Deus em Espírito” (Ef 2:22).
No capítulo 3 Paulo começa, “por esta causa, eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (Ef 3:1-2), mas depois se interrompe com um parêntese divinamente inspirado que toma no capítulo todo, no qual o apóstolo desenvolve o tema do Mistério. Os gentios são trazidos à bênção completamente à parte de Israel: “que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef 3:6). A oração que encerra o capítulo é dirigida ao “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 3:14) e diz respeito ao que temos por intermédio de Cristo como Filho. Em contrapartida, a oração do primeiro capítulo se dirige “o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 1:17). Lá aprendemos o que Ele realizou por meio de Cristo, o Homem.

O Andar Prático

No quarto capítulo, o apóstolo começa, “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (Ef 4:1 dando início às consequências práticas – não menos importante que o próprio encarceramento de Paulo – daquelas que precederam (particularmente Ef 2:20-22). Há um andar adequado para a posição descrita. Embora em Efésios tenhamos um Mistério revelado, o livro não é de modo algum místico, mas intensamente prático (Ef 4:1-6).
O Senhor, tendo subido ao alto, deu dons aos homens (Ef 4:8). Tudo o que é necessário para a edificação do corpo flui da Cabeça. Do versículo 17 ao versículo 21 do capítulo 5 temos exortações práticas para o nosso andar. “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade... e não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Ef 4:24, 30).
A parte restante do quinto capítulo e do sexto aplica a verdade confirmada nos capítulos anteriores a uma ordem divina em nossos relacionamentos terrenos.
Como Israel de antigamente, temos uma terra, uma terra celestial, que é nossa para desfrutar. No entanto, “não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6:12). Mas temos Um, como Josué teve, em Quem encontramos nossa força. “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder. Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:10, 13).

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