sexta-feira, 1 de maio de 2020

Romanos

O grande tema da epístola do apóstolo aos Romanos é o evangelho – “O evangelho de Deus” (Rm 1:1). O evangelho não é nem uma filosofia nem um Credo; em vez disso, o evangelho diz respeito a uma Pessoa divina e gloriosa, “Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 1:3).
Não encontramos a palavra “Igreja” até o último capítulo (Rm 16:1)[1]. O evangelho era o assunto da promessa, não da Igreja. “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua Semente: Esta te ferirá a cabeça, e tu Lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15). Agora revelado, o evangelho não é mais uma promessa. “Porque todas quantas promessas há de Deus, são n’Ele sim, e por Ele o Amém, para glória de Deus por nós” (2 Co 1:20). Para o judeu, a ligação às promessas era particularmente importante.
Embora a epístola seja para Roma (Rm 1:7), é dirigida tanto aos judeus quanto aos gentios. Havia muitos judeus em Roma (At 28:17,) e por toda a epístola ambos os grupos são endereçados. Muitos exemplos podem ser citados – “pois que falo aos que sabem a lei” (Rm 7:1), e “porque convosco falo, gentios” (Rm 11:13); “Acerca de Seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1:3), e “declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos” (Rm 1:4).
Quando Paulo escreveu sua epístola aos romanos, ele nunca havia visitado aquela cidade. Nenhum apóstolo tinha – um fato notável para uma cidade que sustenta sua posição no Cristianismo em sua suposta associação com os apóstolos Pedro e Paulo (Rm 1:10-13).

Esboço

A epístola aos romanos pode ser justamente chamada de epístola fundamental da doutrina Cristã. Nos primeiros oito capítulos Paulo, de um modo simples e cuidadoso, estabelece os princípios fundamentais do Cristianismo, trabalhando desde o homem até Deus.
Os capítulos 9-11 são dispensacionais. Eles abordam a pergunta, “como é que o ensinamento dos oito primeiros capítulos afeta as promessas de Deus a Israel?”
Na terceira e última divisão, capítulos 12-16, temos a aplicação prática da doutrina dos primeiros oito capítulos.
Cada seção contém em si divisões adicionais. Olhando um pouco mais perto nos primeiros oito capítulos, achamos que os primeiros 15 versos do capítulo 1 são introdutórios. Do versículo 16 até o versículo 11 do capítulo 5, o apóstolo aborda a justificação dos pecados. Tendo lidado com a questão dos pecados, o que dizer de nossa natureza? Do versículo 12 do capítulo 5 ao final do capítulo 8, o assunto é o livramento do pecado. O vínculo da lei (onde ela existiu) foi dissolvido na morte de Cristo (cap. 7), e nossa libertação da carne está no Espírito de vida em Cristo Jesus (cap. 8).

Conclusão

Os pecados não são negligenciados no evangelho; a linha do padrão não foi abaixada. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Este é o padrão de Deus; Deus não foi reconciliado; é o homem que precisa de reconciliação. Em Romanos, o evangelho de Deus é o testemunho da justiça de Deus. Proveniente da justiça humana, Ele não terá nada: “todas as nossas justiças (são) como trapo da imundícia” (Is 64:6).
Como Deus pode ser justo ao justificar os ímpios? A resposta nos leva aos pés do Senhor Jesus. Vindo em semelhança da carne pecaminosa, Ele Se ofereceu em sacrifício pelo pecado, assim, completamente satisfez a justiça de Deus, enquanto revelava Seu amor. Deus pode agora Se apresentar em graça – ser propício – ao homem (Rm 3:25-26).
Este livro tem uma importância particular para o jovem crente. Nisto encontramos que a paz com Deus repousa, não com os nossos pensamentos, mas sobre os pensamentos de Deus de Seu próprio Filho (Rm 5:1). Não só temos paz em relação aos pecados, mas também temos a libertação presente do poder do pecado. Livrados desse velho tirano, fomos colocados em liberdade, não para fazer o que quisermos, mas para servir o nosso novo Mestre, aqu’Ele que nos amou e Se entregou por nós (Rm 6:17-19). O Espírito pelo qual Cristo viveu ativamente deve agora ser a nossa Fonte de cada pensamento e ação (Rm 8:9). Não só o Espírito Santo dentro de nós agindo, mas Deus também está agindo externamente, ordenando todas as coisas para aqueles “chamados por Seu decreto” (Rm 8:28).




[1] N. do A.: A assembleia como um corpo é encontrada em Romanos 12:4-5, embora em conexão com as funções dos membros individualmente. No capítulo 16, onde fazemos referência à “Igreja”, a palavra apenas faz parte de várias saudações.

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