sexta-feira, 1 de maio de 2020

Segunda Coríntios

A segunda epístola de Paulo aos Coríntios foi escrita durante sua terceira e última jornada. Tendo deixado Éfeso por causa do alvoroço (At 19), Paulo viajou para Troas na esperança de encontrar Tito com algumas notícias de Corinto relativas à sua primeira epístola. Embora uma porta estivesse aberta a ele para o evangelho, ele não tinha descanso em espírito e passou para a Macedônia. Aqui Paulo se encontra com Tito e ouve as boas novas de Corinto (At 20:1; 2 Co 2:12-13, 7:5-7). A carta tinha produzido o arrependimento e a pessoa ímpia tinha sido tratada (1 Co 5; 2 Co 2:6). Que consolo para o apóstolo.
O assunto desta bela epístola é, para usar as palavras de outro, “graça restauradora, de acordo com o caráter e poder da vida em Cristo, e esta, acompanhada do mais profundo exercício do coração sob os caminhos disciplinares de Deus”[1].
Esboço
O apóstolo não era um espectador desinteressado, aterrorizando-os com cartas enviadas de longe. Em vez disso, ele foi profundamente afetado, primeiro pelo estado das coisas em Corinto, e depois pela notícia do arrependimento deles.
Esta Epístola foi escrita depois que Paulo conheceu Tito, embora nela desdobre os pensamentos e exercícios de seu coração enquanto aguardava uma palavra sobre Corinto. Do versículo 13 do capítulo 2 até que finalmente lemos da feliz reunião com Tito no versículo 6 do capítulo 7, temos a doce comunhão entre as almas que experimentaram os efeitos restauradores da graça em sua vida – embora em circunstâncias muito diferentes.
Paulo descreve o pequeno grupo como cativos levados em triunfo, um cheiro agradável para Deus – um cheiro de morte para aqueles que rejeitaram o evangelho e de vida para aqueles que o receberam (2 Co 2:14-15). Ele não fez o comércio da Palavra de Deus; em vez disso, diante de Deus falou, não de, mas em Cristo (2 Co 2:17 – ARA).
Ele não precisava de uma carta de recomendação à assembleia em Corinto, pois eles mesmos eram epístola viva, “escrita, não com tinta, mas, com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (2 Co 3:3). As ações dos santos de Corinto haviam sido um amplo testemunho da fé deles. O apóstolo era um ministro da nova aliança; ele não havia “estabelecido a lei”. Este não é o pacto ao qual estamos sujeitos, pois a letra mata; é pelo Espírito. O evangelho revela justiça, não a exige; é abundante em glória (2 Co 3:9).
A destruição do vaso, embora possa apresentar uma imagem fraca e desprezível ao mundo, revela o tesouro que o vaso contém e a vida de Jesus se manifesta em um corpo mortal (2 Co 4:7-11).
No capítulo 5 temos a confiança de um cuja vida está em Cristo. Aqui temos o que motivou o apóstolo – e a nós – em sua vida e Ministério. “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aqu’Ele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5:14-15).
O apóstolo ainda tinha uma grande preocupação com o bem-estar espiritual dos coríntios, e ele não deixa de tocar nas dificuldades que permaneceram – embora, em geral, o tom seja mais exortativo do que afirmativo, mas com autoridade. Nos capítulos 8 a 9, a generosidade para os santos pobres é encorajada, enquanto nos capítulos 10 a 12, Paulo aborda aqueles que questionariam seu apostolado. Ele temia que houvesse aqueles que iriam seduzir a mente dos coríntios e esses fossem “corrompidos” em seus sentidos, vindo a se apartar “da simplicidade que há em Cristo”, sendo levados à servidão (2 Co 11:3, 20).
O livro termina com o capítulo 13. Visto que eles buscavam a prova de que Cristo falava no apóstolo, deveriam se examinar. Se eles eram realmente Cristãos, não era essa a prova que buscavam?




[1] N. do A.: William Kelly, Notas sobre a Segunda Epístola aos Coríntios.

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