sexta-feira, 1 de maio de 2020

Primeira, Segunda e Terceira Epístolas de João

As epístolas de João foram escritas muito mais tarde no primeiro século. Interpretações místicas haviam surgido a respeito da Pessoa do Senhor Jesus Cristo; o Cristianismo foi visto como um sistema que deve crescer e se desenvolver com o tempo – uma visão amplamente defendida hoje. É a “última hora” (1 Jo 2:18). O apóstolo declara esses pensamentos, levando o leitor de volta ao começo do tempo em que Cristo Se manifestou aqui neste mundo.
João apresenta as coisas de forma abstrata, ou seja, ele dá o caráter essencial delas sem fazer referência à experiência. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado” (1 Jo 3:9) é uma afirmação do fato. Da mesma forma, “quem comete o pecado é do diabo” (1 Jo 3:8). Estes não descrevem uma pessoa, mas aquela nova vida, gerada por Deus – a vida eterna, em contraste com o que somos por natureza. É vital que tenhamos uma perspectiva fora do contexto da experiência, especialmente quando a Cristandade está tão corrompida pela falsa doutrina. Na epístola de João, não é uma questão de andar de acordo com a luz, mas sim de caminhar na luz (1 Jo 1:7).

Primeira Epístola de João

O grande tema da primeira epístola é a vida eterna no Filho de Deus. No evangelho de João, vemos aquela vida em todos os lugares exibida na Pessoa do Senhor – “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6). Aqui vemos o resultado no crente como participante dessa vida divina.
Esta epístola não é expositiva, mas sim o derramar do coração do velho apóstolo. Treze vezes João refere-se ao que ele estava escrevendo ou seu propósito em escrever. Referências repetidas são feitas para as coisas que nós, como crentes, conhecemos e para aquelas coisas pelas quais distinguimos o verdadeiro do falso. Nove vezes ele usa a expressão “nascido” ou “gerado por Deus”, mostrando o que caracteriza a nova natureza. Somos membros de uma nova família.
João escreve, desejando que o gozo do crente possa ser completo (1 Jo 1:4). Isso só pode vir por estar em comunhão com o Pai e Seu Filho Jesus Cristo, como conhecido e revelado pelos apóstolos. Ele escreve que crentes não devem pecar; a advocacia de Cristo restaura a comunhão quando pecamos (1 Jo 2:1). Ao finalizar a epístola, o apóstolo declara, “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (1 Jo 5:13).
No capítulo 2, os crentes em diferentes estágios de maturidade são abordados – os pais, os jovens e as crianças. Enquanto os rapazes e as criancinhas são avisados dos perigos que os cercam, aos pais ele escreve duas vezes: “porque conhecestes aqu’Ele que é desde o princípio” (1 Jo 2:13-14). Desejoso de nada mais e nada de novo, Cristo, que é desde o princípio, é tudo para eles. Mesmo as crianças em Cristo têm a unção do Santo – o Espírito Santo – e “conhecem todas as coisas” (1 Jo 2:20). Eles não precisam de nada mais e não há nada de novo.
No capítulo 3, os filhos de Deus são manifestos, assim como são os filhos do diabo. No capítulo 4 temos testes por meio dos quais podemos distinguir espíritos falsos dos verdadeiros. Devemos amar uns aos outros; é característico da natureza divina. Esse amor é exercido em obediência e não será à custa da verdade. “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos” (1 Jo 5:2).
Conhecemos o verdadeiro Deus, possuímos a vida eterna e qualquer coisa fora disso é um ídolo. “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5:21).

Segunda Epístola de João

A Segunda Epístola de João é dirigida à “senhora eleita e aos seus filhos” (2 Jo 1). Possivelmente “senhora” deve ser deixado como o nome próprio feminino “Kyria”; não é, no entanto, uma referência à Igreja, como alguns sugeriram, pois, a Igreja não é eleita; indivíduos são.
Como a primeira, esta epístola preocupa-se com a manutenção da verdade. João muito se regozijou em encontrar entre seus filhos aqueles que andam na verdade (2 Jo 4). Mais uma vez lemos “aquele mesmo que desde o princípio tivemos” (2 Jo 5). Aqui é que nos amemos uns aos outros; mas o amor que flui de Deus sustenta a verdade: “E o amor é este: que andemos segundo os Seus mandamentos” (2 Jo 6). Muitos enganadores saíram para este mundo; eles não devem ser recebidos e devem ser rejeitados por causa da doutrina deles (2 Jo 7-10). A natureza afetuosa e hospitaleira, especialmente a de uma irmã, poderia ultrapassar seus limites em receber tal indivíduo. João adverte que não devemos saudar um tal (2 Jo 10). “Saudar” no grego é a palavra “regozijar” e foi usada como uma saudação; da mesma forma, não devemos encorajar aqueles que negam a Pessoa do Senhor, mesmo com algo tão inocente quanto uma saudação.

Terceira Epístola de João

Esta carta é dirigida ao bem amado Gaio, de quem João poderia dizer: “a quem, em verdade, eu amo” (3 Jo 1). Aqui estava um irmão que João poderia desejar acima de tudo que ele pudesse prosperar e ter saúde – assim como ele prosperou em sua alma (3 Jo 2). Esta epístola, não trata daqueles que devem ser rejeitados, mas sim daqueles que devem ser recebidos: “Portanto aos tais devemos receber, para que sejamos cooperadores da verdade” (3 Jo 8).
Mais uma vez, o assunto é a verdade: “Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade” (3 Jo 3).
A caridade e a hospitalidade de Gaio são registradas (3 Jo 6). Diótrefes, por outro lado, adorava ter a preeminência e não recebia o apóstolo. Suas palavras ofensivas e maliciosas não seriam esquecidas (3 Jo 9-10). Demétrio tinha um bom testemunho de todos os homens e da própria verdade (3 Jo 12).
Confiando em vê-los em breve, João envia saudações e instrui Gaio a cumprimentar os amigos pelo nome – e nós também devemos (3 Jo 14).

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