sexta-feira, 1 de maio de 2020

Apocalipse

O apóstolo João escreveu este, o livro final das Santas Escrituras, enquanto exilado na ilha grega de Patmos. É a “Revelação de Jesus Cristo” (não de João), “a qual Deus Lhe deu, para mostrar aos Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo Seu anjo as enviou, e as notificou [significou – TB] a João Seu servo” (Ap 1:1). O uso dos verbos “mostrar” e “significar” (dar o significado ou sentido) marca a natureza exclusivamente simbólica deste livro.
Uma bênção peculiar é anexada à sua leitura: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap 1:3).
Assim como os presentes de Belsazar não eram atrativos a Daniel, as recompensas deste mundo não podem nos seduzir se entendermos o significado deste livro (Dn 5:16-17). Banido pelo imperador, o apóstolo se descreve como um “coparticipante da tribulação, reino e paciência, em Jesus” (Ap 1:9 – JND), uma posição que é nossa também, enquanto aguardamos o chamado: “Sobe aqui” (Ap 4:1).

Esboço

O Apocalipse pode ser dividido em três partes: as coisas que João viu, capítulo 1; as coisas que são, capítulos 2 e 3; e as coisas que serão a seguir, capítulos 4 a 22. Os onze primeiros capítulos são, em grande parte, cronológicos, nos levando desde o dia dos apóstolos pela história da Cristandade (capítulos 2 e 3) até os julgamentos finais. Os capítulos 7, 10 e os treze primeiros versículos do capítulo 11 nos fornecem detalhes entre parênteses. Do capítulo 11, versículo 19, até o final do livro, temos vários esboços detalhando a história de Israel, a Cristandade apóstata, esta Terra, o Milênio e o estado eterno. É importante entender que os eventos desses capítulos se sobrepõem à história dos capítulos anteriores.

As Sete Igrejas

No primeiro capítulo, Cristo é visto como o Filho do Homem, não no caráter com o qual o apóstolo estava familiarizado, mas em trajes de julgamento (Ap 1:13-16). João O vê no meio de sete castiçais, que são as sete assembleias a quem a porção é dirigida, apresentados aqui em responsabilidade como portadores de luz (Ap 1:20). Nos capítulos 2 e 3, cada assembleia é abordada em sequência. A escolha de sete (completo) e a linguagem usada ao longo do texto (Ap 2:25; “depois destas” em Ap 4:1) nos fazem entender que um esboço histórico da Cristandade está sendo apresentado, e não apenas sete cartas às igrejas do primeiro século.
As três primeiras assembleias descrevem períodos sucessivos. Éfeso, a Igreja do primeiro século, é caracterizada como tendo deixado seu primeiro amor (Ap 2:4). Esmirna é a Igreja perseguida do segundo e terceiro séculos, que Satanás, como um leão que ruge, procurou devorar. Em Pérgamo, vemos a atividade da serpente enganadora. Sob Constantino, a Cristandade se uniu ao mundo político pagão.
Em Tiatira – o sistema sobre o qual Roma domina – há uma mudança. Agora temos a exortação para reter o que temos “até que Eu venha” (Ap 2:25), e “quem tem ouvidos” não é mais dirigido à Igreja como um todo (Ap 2:26, 29). As quatro igrejas finais representam sucessivos estados sobrepostos que continuam até a vinda do Senhor. Tiatira é seguida por Sardo protestante. Filadélfia é um estado moral; eles guardaram a Sua Palavra e não negaram o Seu nome (Ap 3:8). A esperança do Arrebatamento foi restaurada, pois eles são mantidos “fora da hora da provação que está por vir sobre todo o mundo habitável” (Ap 3:10 – JND). Laodiceia descreve o estado moral da Cristandade hoje; alegando ser rica e sem necessidade de nada, sua condição miserável é exposta. O Senhor é visto do lado de fora da assembleia batendo à porta (Ap 3:20). A Cristandade apostatada será finalmente vomitada de Sua boca.

A Sétima Semana de Daniel

Os eventos históricos descritos nos capítulos 4 a 11 ocorrem após o Arrebatamento. A Igreja, como João, aguarda o chamado “sobe aqui” (Ap 4:1). No capítulo 4, o trono judicial de Deus aparece; tudo é Seu por direito como Criador. No capítulo 5, vemos o Cordeiro como Redentor; somente Ele é digno de abrir o livro com sete selos – os conselhos de Deus a respeito desta Terra. Os vinte e quatro anciãos são os santos do Velho e do Novo Testamento; somente eles podem cantar o novo cântico dos remidos. A presença deles no céu é explicada pelo Arrebatamento.
Os eventos que se desenrolam com a abertura dos selos (capítulos 6 e 8) e o som das seis primeiras trombetas (capítulos 8 e 9) formam a septuagésima semana de Daniel (Dn 9:24-27). Esta terrível semana final de sete anos pode ser dividida em dois períodos de 3,5 anos.
O início da semana é marcado por uma aliança entre Israel e o Império Romano revivido – uma Europa unida sob 10 governantes, apoiada pelo papado, a Grande Babilônia (Dn 7:7; Ap 13:1, 17:3). Este período é marcado por conquista política, espada, fome, pestilência e caos político (Ap 6). Muitos fiéis à Palavra de Deus serão martirizados (Ap 6:9-11, 17:6).
A ascensão à proeminência do chifre pequeno (a besta) marca o meio da semana (Dn 7:7-8, 19-25; Ap 13:1-10). Todos os vestígios restantes da Cristandade apóstata (a Grande Babilônia) serão derrubados e destruídos (Ap 17:16-17). As leis judaicas serão alteradas e o templo profanado (Dn 7:25, 12:11). A besta será adorada (Ap 13:4), enquanto o anticristo “se opõe e se exalta ao alto contra tudo chamado Deus, ou objeto de veneração; de modo que ele mesmo se senta no templo de Deus, mostrando a si mesmo que ele é Deus” (2 Ts 2:4 – JND). A entrega do homem ao poder satânico marca a segunda metade da semana. Com a sexta trombeta, o rei do Norte começará sua mobilização com ataques contra o reino da besta (Ap 9:13-19). A sétima trombeta anuncia o tempo da ira de Deus contra Seus inimigos e o estabelecimento de Seu reinado eterno (Ap 11:15-18).

Cenas proféticas

O capítulo 12 retoma a história de Israel – a mulher – e o filho homem que ela teve – Cristo – que Roma procurou destruir. O capítulo retoma sua história com os últimos 3,5 anos de tribulação, uma época em que o dragão – o diabo – perseguirá gravemente o remanescente judeu.
Junto com o dragão, as duas pessoas descritas no capítulo 13 completam uma trindade do mal. O Império Romano, em sua forma final, surgirá como um animal vindo do mar, com sete cabeças e dez chifres. No meio da semana, o poder é consolidado em um único indivíduo – a besta (Ap 13:5). Do versículo 11, temos o anticristo, que trabalhará em conjunto com a besta. Tendo dois chifres como um cordeiro, ele fala como um dragão (Ap 13:11). Enquanto esse trio maligno interpreta seu roteiro final, Deus, sempre no controle, intervém em graça e julgamento (cap. 14).

As Sete Taças

As sete taças dos capítulos 15 e 16 são derramadas durante a última metade da semana e caem entre o som da sexta e sétima trombeta. São as sete últimas pragas; neles a fúria de Deus está completa (Ap 15:1). As taças, em contraste com as trombetas, não se limitam à “terça parte” e são derramadas sobre a Terra, o mar, os rios e o Sol. Embora a Babilônia religiosa seja expulsa no meio da semana, a Babilônia política como símbolo do domínio gentio que começou com Nabucodonosor não é destruída até o final da semana com a última taça (Ap 16:17-21).

Da Destruição da Babilônia ao Estado Eterno

Os capítulos 17 e 18 nos dão a história da Babilônia religiosa, a mãe das prostitutas. O capítulo 18 apresenta a visão de Deus sobre a destruição dela. Em contraste, o capítulo 19 nos leva às bodas do Cordeiro.
A próxima cena, testemunhada por João, é de Cristo, como Rei dos reis e Senhor dos senhores, aparecendo com Seus santos. A besta e os reis da Terra com seus exércitos se reunirão para fazer guerra com o Cordeiro, apenas para serem levados e lançados vivos no lago de fogo; o resto será morto (Ap 19:11-21).
Isso inicia um período de mil anos, durante o qual Satanás será preso, e os martirizados sob a besta reinarão com Cristo – este é o Milênio (Ap 20:3-4). No final dos 1.000 anos, Satanás será solto por um período, durante o qual ele enganará as nações que fingiram obediência, reunindo-as para a batalha final, onde serão destruídas pelo fogo (Ap 20:7-9) A segunda ressurreição, a ressurreição da condenação, seguirá, com o julgamento dos mortos diante do grande trono branco (Ap 20:11-15, Jo 5:29).
Os oito primeiros versículos do capítulo 21 completam a história, com a introdução de um novo céu e uma nova Terra e o estabelecimento do estado eterno. “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Ap 21:3).

A Glória Celestial do Milênio

Com os eventos desde a queda da Babilônia até o estado eterno descrito, agora voltamos a considerar a posição da Igreja durante o Milênio. Em contraste com “a Grande Babilônia” – uma cidade – e a “mãe das prostitutas” – uma mulher – temos a noiva, a esposa do Cordeiro, descendo do céu de Deus como uma grande cidade, a santa Jerusalém (Ap 21:9-10). Esta cidade não deve ser confundida com a nova Jerusalém do versículo 2, ou a Jerusalém milenar terrena (Ezequiel 48:15-20). A descrição e a cidade são simbólicas. Os cinco primeiros versículos do capítulo 22 completam a descrição.

Conclusão

As palavras da profecia são fiéis e verdadeiras e logo devem acontecer (Ap 22:6). O estado de cada um será imutável para a eternidade – os injustos serão injustos, e os justos serão justos (Ap 22:11). “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Ap 22:17). “Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus” (Ap 22:20).


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