sexta-feira, 1 de maio de 2020

Mateus

Em Mateus, temos o cumprimento da profecia e da promessa. Aqui encontramos o Senhor Jesus apresentado primeiro como o Filho de Davi a Israel – o Messias, o Ungido do Senhor – e depois, em Sua rejeição, o Filho de Abraão, o depositário da promessa – “em Ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gn 12:3). O primeiro versículo, portanto, nos fornece um esboço de todo o livro. Mateus é especialmente adaptado para atender às necessidades dos judeus – naquela época e agora. Não é surpresa, portanto, descobrir que contém muito mais citações do Velho Testamento do que os outros evangelhos.

Divisões de Mateus

Mateus pode ser dividido nas seguintes seções:
  • Capítulos 1-4, o nascimento e a divindade de Jesus;
  • Capítulos 5-7, os princípios do reino, a suposta rejeição deste e o caráter de seus súditos;
  • Capítulos 8-12, Sua graça e poder exibidos no meio de Israel e Sua rejeição pelos líderes e pela nação;
  • Capítulos 13-17, o reino rejeitado por Israel, ele rompe publicamente os laços que naturalmente existiam entre Si e o povo segundo a carne, e como Semeador sai a semear; quando Ele age assim na graça com base na promessa, o caminho é aberto aos gentios;
  • Capítulos 18 ao capítulo 20:28, princípios pertencentes à nova ordem das coisas;
  • Capítulo 20:29 ao capítulo 25, Sua apresentação final a Israel como o Filho de Davi, o verdadeiro Rei de Israel;
  • Capítulos 26-28, Sua morte e ressurreição.
A genealogia do primeiro capítulo começa com Abraão e termina com “JESUS, que Se chama o Cristo” (Mateus 1:16), ou “Messias” – ambas as palavras, uma grega e outra hebraica, podem ser traduzidas como “Ungido”. Somente Mateus se refere a Emanuel (Mt 1:23; Is 7:14), e “aqu’Ele que é nascido Rei dos Judeus” (Mt 2:2). Na verdade, Ele foi Jeová que desceu para habitar no meio de Seu povo, e Ele era o Rei deles. Surpreendentemente, são os sábios do oriente, gentios, que dão testemunho disso aos judeus – mais um detalhe que só pode ser encontrado em Mateus.
Israel esperava o Messias – as profecias do Velho Testamento eram conhecidas (Mt 2: 4-5) –, mas a expectativa deles era totalmente egoísta; eles esperavam ansiosamente pela restauração e exaltação de sua nação (Lc 24:21). Eles não sentiram nada de sua própria condição miserável (Mt 3:7-9). Embora Mateus apresente Jesus como o Messias, Sua rejeição pela nação ressalta por todo o livro. Até hoje, Israel como nação é incapaz de aceitar o caráter da primeira vinda do Senhor, embora totalmente detalhada pelos profetas (Lc 24:26-27; Is 53).
Quando encontramos Jesus identificado com o povo, é sempre com o remanescente. No capítulo 3, vemos o remanescente separado por João e Jesus com eles (Sl 16:3). No capítulo 4, com João agora na prisão, Jesus retorna à Galileia para os pobres e desprezados do rebanho (Zc 11:11; Jo 1:46). O próprio João, embora o mensageiro, deve recebê-Lo como um do remanescente, no testemunho que o Senhor prestou de Si mesmo (Mt 11:4). Ao contrário de Marcos e Lucas, no final do livro, não lemos sobre Sua ascensão; antes, encontramos o Senhor na Galileia com os Seus.

Reino dos Céus

Enquanto o “reino de Deus” é frequentemente mencionado em Marcos e Lucas, a expressão ocorre apenas cinco vezes em Mateus. Por outro lado, a frase “reino dos céus” ocorre trinta e três vezes em Mateus e nenhuma vez nos outros evangelhos. Esta última expressão traz diante de nós o caráter celestial do Reino: “O Senhor tem estabelecido o Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo” (Sl 103:19). Tendo em vista as aspirações terrenas do judeu, isso é particularmente importante. Há também um significado dispensacional distinto. Com Cristo rejeitado, o aspecto terrestre do reino foi adiado, e o reino assumiu uma forma mística – o governo espiritual e invisível de Deus no coração dos crentes (Mt 13:11). Embora Seu trono ainda não esteja estabelecido nesta Terra, existe uma esfera em que Sua autoridade é reconhecida, onde há uma resposta ao testemunho de Sua Palavra.

A Igreja

Mateus é o único evangelho que menciona a Igreja. No capítulo 15, o homem e o que ele fez da lei é colocado de lado, e Deus atua em graça (Mt 15:21-28). Capítulo 16 nos permite ver o abençoado resultado de Deus agindo em graça – a Igreja – algo que ainda estava por vir. A lei governou Israel; mas o fundamento da Igreja é divino, imutável, uma Pessoa, o Filho do Deus vivo. Com a Igreja introduzida, Seus discípulos não estavam mais a dizer a ninguém que Ele era o Cristo, o Messias (Mt 16:20). Ele também começa a mostrar-lhes como Ele deve “ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia” (Mt 16:21), tudo o que está necessariamente ligado com a edificação da Igreja. Mesmo quando o Senhor retorna, não será como o Messias, mas como Filho do Homem (Dn 7; Mt 10:23, 16:27). O Senhor virá com grande poder e glória, para ser exibido em uma esfera muito mais ampla. Como Filho do Homem, Ele é o Herdeiro de todas as coisas.

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