sexta-feira, 1 de maio de 2020

Deuteronômio

O título grego que mantemos da Septuaginta significa “a segunda lei” ou a “lei repetida”. No entanto, isso não descreve adequadamente o conteúdo deste livro. Seria um erro grave considerar Deuteronômio uma mera repetição do que foi escrito antes. O título hebraico deriva do primeiro versículo e significa “palavras”. “Estas são as palavras que Moisés falou a todo o Israel dalém do Jordão, no deserto, na planície defronte do Mar de Sufe, entre Parã e Tofel, e Labã, e Hazerote, e Dizaabe” (Dt 1:1).
Diferentemente de Êxodo ou Números, que têm um grande conteúdo histórico, Deuteronômio é quase inteiramente as palavras que Moisés relatou aos ouvidos do povo antes de entrar na terra prometida. Enquanto Levítico é dirigido aos sacerdotes, Deuteronômio é dirigido ao povo.
Foram onze dias de viagem de Horebe, a caminho do monte Seir, até Cades-Barneia (Dt 1:2), mas agora, quarenta anos depois, uma nova geração (com exceção de Josué e Calebe) está prestes a entrar na terra. Moisés começa nos três primeiros capítulos, ensaiando um breve resumo dos caminhos de Deus com eles. Que lições Ele lhes ensinara no deserto, não apenas pela própria fraqueza, mas também pela infinita santidade, paciência, graça e amor de Jeová!
O capítulo 5 começa: “E chamou Moisés a todo o Israel e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos; e aprendê-los-eis e guardá-los-eis, para os cumprir”. Essas palavras continuam até o final do capítulo 28. O capítulo 29 começa com o resumo: “Estas são as palavras do concerto que o Senhor ordenou a Moisés na terra de Moabe, que fizesse com os filhos de Israel, além do concerto que fizera com eles em Horebe” (Dt 29: 1). Mais uma vez, encontramos os filhos de Israel dizendo: o ouviremos e o faremos” (Dt 5:27), que traz a resposta daqu’Ele que conhecia os corações: “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os Meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre!” (Dt 5:29)
As instruções que receberam supõem que estão na terra, uma terra em que Moisés não deveria entrar, embora a tivesse visto com seus olhos (cap. 34). Eles deveriam amar o Senhor, seu Deus, e guardar Suas ordenanças, Seus estatutos, Seus juízos e Seus mandamentos continuamente (Dt 11:1). Rebelião resultaria em julgamento. Uma vez na terra, eles deviam adorar no lugar escolhido pelo Senhor: “Então, haverá um lugar que escolherá o SENHOR, vosso Deus, para ali fazer habitar o Seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda escolha dos vossos votos que votardes ao SENHOR” (Dt 12:11).
Infelizmente, Deuteronômio também pressupõe o fracasso deles. O livro olha além da entrada deles na terra; olha profeticamente para o dia em que, fracassados, seriam expulsos da terra e espalhados entre as nações, de onde o Senhor os reuniria novamente (cap. 30). O cântico de Moisés no capítulo 32 antecipa a apostasia, a restauração deles e o julgamento de Deus sobre as nações.
É interessante notar que Deuteronômio é o livro mais frequentemente citado do Pentateuco no Novo Testamento. Embora os filhos de Israel tenham realmente falhado, vemos em belo contraste aqu’Ele que sempre fez a vontade do Pai. As três citações usadas por nosso Salvador para responder ao tentador são retiradas deste livro (Mt 4:1-11; Lc 4:1-13).

Nenhum comentário:

Postar um comentário