sexta-feira, 1 de maio de 2020

Tiago

A epístola de Tiago causou dificuldades a muitas almas ansiosas. Aqueles que falsamente ensinam a salvação por meio de obras enfatizam a epístola. No entanto, uma leitura cuidadosa da epístola e reconhecendo a quem é endereçada dissipa todas as dificuldades.
Tiago escreve para as doze tribos da dispersão, tanto os salvos quanto os não salvos. No tempo em que foi escrita, um judeu salvo ainda podia ser encontrado na sinagoga e sendo zeloso pela lei – eles ainda estavam associados à nação incrédula (At 21:20). Alguém poderia ter confundido um crente com seu compatriota incrédulo. Esta epístola convida o crente a mostrar a sua fé pela sua caminhada exterior – é justificação diante dos homens, em contraste distinto com Romanos, onde temos justificação diante de Deus.
Não se pode ver a fé mais do que se pode ver o vento; cada um, no entanto, afeta o que o rodeia de uma forma muito visível. A Cristandade está cheia de profissão vazia; o que encontramos na epístola de Tiago é uma admoestação necessária para hoje. Procuramos nos misturar no Cristianismo, ou é a realidade da nossa fé visível a todos?

Esboço

Capítulo 1. Agir como Cristão é fácil quando os ventos são favoráveis, mas qual é a nossa resposta quando surgem as tempestades? “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam” (Tg 1:12). Infelizmente, estamos aptos a deixar nossa língua escorregar; ser um cumpridor da Palavra de Deus não está em nossa antiga natureza. No entanto, Deus, o Pai, nos gerou de acordo com Sua própria vontade pela Palavra da verdade e, assim, cumprir não é mais servidão, mas possuímos uma natureza governada pela perfeita lei da liberdade (Tg 1:18, 25).
O capítulo 2 apresenta o vínculo inseparável entre fé e prática. Devemos caminhar como aqueles que devem ser julgados pela lei da liberdade (Tg 2:12). Em Tiago, o ato público de fé de Abraão – oferecendo a Isaque – é mencionado antes de ele ter crido em Deus. “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus” (Tg 2:23). Nada aqui contradiz Romanos; tudo está em perfeita harmonia (Rm 4). A obediência de Abraão no Monte Moriá corroborou sua fé.
Capítulo 3. “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres [professores – JND], sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1). A palavra “mestre”, mais corretamente traduzida como “professor”, tem o sentido de um rabino (ver João 1:38; 3:2). O sistema rabínico, característico do judaísmo moderno, não tem correspondência no Cristianismo. Além disso, andar ao contrário do que é ensinado é uma coisa mais séria. Mais do que tudo, é o nosso discurso que nos trai. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3:13).
O capítulo 4 aborda a natureza desenfreada. O coração do homem está cheio de cobiça e se manifesta na inveja e na contenda. Tal coração encontra comunhão com o mundo, mas a amizade com o mundo é inimizade com Deus (Tg 4:4). O espírito judicial é condenado, assim como a vontade própria (Tg 4:11-17).
O quinto e último capítulo começa com um aviso solene contra o acúmulo de riquezas, especialmente à custa dos pobres (Tg 5:1-6). Estas eram exortações familiares aos judeus, que naturalmente procuravam a bênção terrena (ver Am 2:6). O crente é para esperar pacientemente a vinda do Senhor (Tg 5:7-8). Homens fiéis do passado são dados como exemplos – homens de paixões como nós. Também temos um recurso poderoso na oração (Tg 5:11-18).

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