sexta-feira, 1 de maio de 2020

Josué

O livro de Josué começa onde Deuteronômio termina. Tendo Moisés morrido no monte Pisga, é Josué quem, por indicação divina (Nm 27:18-23, Dt 1:38, 3:28), agora leva os filhos de Israel à terra prometida – “à terra que Eu dou” (Josué 1:2). Não era para o legislador Moisés trazê-los para a terra de Canaã. Eles não reivindicariam a terra com base na justiça deles, mas de acordo com as promessas feitas a seus pais (Js 1:6). Para os filhos de Israel, era simplesmente uma questão de entrarem naquilo que Deus lhes havia dado em possessão. “Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado” (Josué 1:3).
Saindo do Egito, Josué nos representa Cristo como o líder ou capitão de Seus santos. Em hebraico, Josué significa “Jeová é salvação” e é traduzido no grego como Jesus (Atos 7:45). A expressão: “Nenhum se susterá diante de ti, todos os dias da tua vida” (Js 1: 5) é para Josué. Tal como acontece com os filhos de Israel, temos Um em cuja força estamos: “fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder” (Ef 6:10).
O livro pode ser dividido historicamente assim: preparação para entrada na terra de Canaã (caps. 1-2); a travessia do rio Jordão (caps. 3-4); circuncisão em Gilgal (cap. 5); Jericó destruída e amaldiçoada (cap. 6); as falhas e vitórias do povo (caps. 7-12); divisão da terra (caps. 13-22); a morte de Josué (caps. 23-24).
Enquanto a passagem pelo Mar Vermelho tipifica a morte de Cristo para o crente, a passagem pelo Jordão tipifica a morte do crente com Cristo e a sua ressurreição com Ele. O Jordão não é do que fomos libertados, mas a que fomos trazidos. É uma figura da ressurreição e sua aplicação é encontrada no livro de Colossenses. “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo portanto, se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus” (Cl 2:20, 3:1).
O deserto é o caráter que o mundo assume quando fomos redimidos. É onde a carne é peneirada. A circuncisão não foi realizada no deserto. Por outro lado, a morte e nossa entrada nos lugares celestiais julgam toda a natureza em que vivemos neste mundo. A circuncisão é a aplicação do poder do Espírito na mortificação da carne. Nosso Gilgal é encontrado em Colossenses 3:5, “Mortificai pois”. Não diz “morra para o pecado”. “Mortificar” é poder ativo; repousa no poder daquilo que já é verdade para a fé: estais mortos” (Colossenses 3:3), “mortificai pois” (Cl 3:5)[1].
Antes de começar o conflito, eles comem o trigo velho da terra (Js 5:11) – uma figura para nós de um Cristo celestial, sobre Quem se alimentam aqueles que passaram espiritualmente pelo Jordão. O maná – um Cristo humilhado por nossas circunstâncias no deserto – cessou no dia seguinte e, a partir daquele dia, eles comeram do fruto da terra (Js 5:12; Jo 6:31-33).




[1] N. do A.: Sinopses de J. N. Darby, Josué.

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