O autor do evangelho de
Marcos – João Marcos (At 12:12) – não era um apóstolo, nem uma testemunha
ocular. Foi este Marcos que viajou com Barnabé e Paulo em sua primeira jornada
missionária, mas os deixou em Panfília. Quando chegou a hora de sua segunda
jornada, Paulo achou imprudente trazer Marcos (nisto Barnabas, primo de Marcos,
não teve discernimento – Cl 4:10; At 15:37-39). Mais tarde, porém, encontramos Marcos
restaurado, e Paulo o chama de seu companheiro de trabalho (Fm 24 – TB). Ele é
calorosamente recomendado aos Colossenses (Cl 4:10) e Timóteo é instruído a trazê-lo
com ele, “porque me é muito útil para o ministério” (2 Tm 4:11).
Marcos, o servo que
falhou, embora restaurado, é escolhido por Deus em Sua soberania para
apresentar para nós uma figura divina do Servo perfeito – Jesus Cristo, o Filho
de Deus – em Seu serviço inabalável e fiel. “Admiravam-se sobremaneira,
dizendo: Ele tudo tem feito bem” (Mc 7:37 – TB).
A ordem dos
acontecimentos no evangelho de Marcos é, em geral, cronológica. Não se encontra
uma genealogia; embora exigido para um rei, não tem nenhum significado para um servo.
O Senhor não é sequer uma vez chamado “Senhor” pelos discípulos.
A palavra traduzida de
várias maneiras “imediatamente” (ARA), “logo” e “já”
ocorre com frequência neste livro – cerca de 26 vezes diretamente do Senhor e Seus
atos – mas raramente nos outros evangelhos Este é um evangelho de ação; há
imediatismo no que está escrito.
Embora sendo o evangelho
mais curto, está cheio de detalhes não registrados em outro lugar. Quão belo – e
como isso deve nos tocar – ao ver este bendito Servo adormecido em um
travesseiro (Mc 4:38). Em Marcos vemos exibido tanto o poder divino do Senhor
quanto as profundezas de Seus sentimentos como homem.
Se contrastarmos o
capítulo 4 de Marcos com o capítulo 13 de Mateus, o caráter distinto deste evangelho
pode ser claramente visto. Ambos os capítulos começam com a parábola do
semeador, mas o assunto desenvolvido em Marcos é o do serviço do Senhor, a
história, caráter e resultados desse serviço. Ele era o Semeador – que era Seu
serviço e, do mesmo modo, o serviço de Seus discípulos. Uma candeia não deve
ser escondida, seja por capricho ou por preguiça. Em sua ausência o evangelho
vai adiante, e embora o Rei não esteja aqui, as sementes brotam e crescem. No
momento da colheita Ele voltará, e o fruto, ou a falta dele, será visto. Ele
cuidará pessoalmente da colheita. Há tempestades, mas o Senhor está conosco.
Aqu’Ele que até mesmo o vento e o mar obedecem está no barco – não pode
afundar. Se sentimos que Ele nos tem abandonado, é por causa da nossa própria
falta de fé. Ele compartilha de todos os nossos trabalhos.
O livro pode ser
dividido da seguinte maneira:
- Capítulos 1-3, o Ministério de Cristo na Galileia, a oposição dos líderes judeus, sua apostasia, e a rejeição do Senhor pela nação;
- Capítulos 4-5, um resumo de Seu serviço pessoal entre os gentios e seu povo, levando-nos à futura ascensão de Israel;
- Capítulos 6-10:45, Seu serviço retomado, embora rejeitado por um povo cego;
- Capítulos 10:46-13, Seu retorno a Jerusalém e o término de Seu ministério;
- Capítulos 14-16, Sua morte e ressurreição;
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