Éfeso era uma cidade
próspera na costa ocidental da Ásia Menor e lar do grande templo da deusa
Diana. Em Atos, lemos duas visitas de Paulo àquela cidade – sua segunda e
terceira jornadas missionárias. A primeira ocasião foi breve (At 18:19-21),
enquanto a segunda estendeu-se a mais de dois anos (At 19:1, 10). A última
jornada de Paulo terminou em Jerusalém, e foi durante a etapa final daquela
viagem que Paulo convocou de Mileto os anciãos de Éfeso – a última vez que ele
os veria – advertindo-os: “Olhai pois por vós, e por todo o rebanho sobre
que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a Igreja de
Deus, que Ele resgatou com Seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de
vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho” (At 20:28-29). A viagem de
Paulo a Jerusalém resultou em sua prisão, e, finalmente, seu transporte para
Roma. Foi da prisão em Roma que esta carta foi escrita.
O Conselho de Deus em Cristo
Na epístola aos
Efésios, temos o desenvolvimento mais elevado da verdade. O apóstolo revela os
conselhos de Deus a respeito de Cristo e a Igreja, Seu corpo (Ef 1:22-23) – conselhos
que tiveram sua origem antes da fundação do mundo (Ef 1:4). Romanos começa com
o homem nas profundezas de sua depravação, enquanto Efésios começa com “o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” e as bênçãos que Ele derramou
sobre o homem – “o Qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef
1:3). Somos escolhidos n’Ele, tendo sido marcados de antemão para adoção por
meio de Jesus Cristo para Si mesmo, aceitos no Amado, em Quem temos redenção,
em Quem também obtivemos uma herança, em Quem também, tendo crido, estamos
selados com o Espírito Santo da promessa (Ef 1:4-13). O primeiro capítulo
conclui com a Igreja em união com Cristo, que é Cabeça para ela (não sobre ela).
Em Romanos, estamos
mortos para o pecado e em Colossenses mortos para o mundo, mas em Efésios somos
encontrados diante de Deus em toda a plenitude da bênção em Cristo. É uma nova
vida – vivificados juntamente com Cristo – numa nova posição (Ef 2:5-6). O
mesmo poder que coloca Cristo à mão direita de Deus, tendo-O ressuscitado
dentre os mortos, coloca-nos na posse dessas coisas (Ef 1:19-20). Com o crente
sentado no céu em Cristo Jesus, não há menção da vinda do Senhor (a Epístola de
Paulo aos Gálatas também tem essa distinção, embora por razões muito
diferentes). No segundo capítulo, temos a casa edificada – “para morada de
Deus em Espírito” (Ef 2:22).
No capítulo 3 Paulo começa,
“por esta causa, eu, Paulo, sou
o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (Ef 3:1-2), mas depois se
interrompe com um parêntese divinamente inspirado que toma no capítulo todo, no
qual o apóstolo desenvolve o tema do Mistério. Os gentios são trazidos à bênção
completamente à parte de Israel: “que os gentios são co-herdeiros, e de um
mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef
3:6). A oração que encerra o capítulo é dirigida ao “Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo” (Ef 3:14) e diz respeito ao que temos por intermédio de
Cristo como Filho. Em contrapartida, a oração do primeiro capítulo se dirige “o
Deus de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 1:17). Lá aprendemos o que Ele
realizou por meio de Cristo, o Homem.
O Andar Prático
No quarto capítulo, o apóstolo
começa, “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da
vocação com que fostes chamados” (Ef 4:1 dando início às consequências
práticas – não menos importante que o próprio encarceramento de Paulo – daquelas que precederam
(particularmente Ef 2:20-22). Há um andar adequado para a posição descrita.
Embora em Efésios tenhamos um Mistério revelado, o livro não é de modo algum
místico, mas intensamente prático (Ef 4:1-6).
O Senhor, tendo subido
ao alto, deu dons aos homens (Ef 4:8). Tudo o que é necessário para a
edificação do corpo flui da Cabeça. Do versículo 17 ao versículo 21 do capítulo
5 temos exortações práticas para o nosso andar. “E vos revistais do novo
homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade... e não entristeçais o Espírito Santo de
Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Ef 4:24, 30).
A parte restante do
quinto capítulo e do sexto aplica a verdade confirmada nos capítulos anteriores
a uma ordem divina em nossos relacionamentos terrenos.
Como Israel de
antigamente, temos uma terra, uma terra celestial, que é nossa para desfrutar.
No entanto, “não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra
os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste
século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6:12). Mas temos Um, como Josué teve,
em Quem encontramos nossa força. “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no
Senhor e na força do Seu poder. Portanto tomai toda a armadura de Deus, para
que possais resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef
6:10, 13).
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