A segunda epístola de
Paulo aos Coríntios foi escrita durante sua terceira e última jornada. Tendo
deixado Éfeso por causa do alvoroço (At 19), Paulo viajou para Troas na
esperança de encontrar Tito com algumas notícias de Corinto relativas à sua
primeira epístola. Embora uma porta estivesse aberta a ele para o evangelho,
ele não tinha descanso em espírito e passou para a Macedônia. Aqui Paulo se encontra
com Tito e ouve as boas novas de Corinto (At 20:1; 2 Co 2:12-13, 7:5-7). A
carta tinha produzido o arrependimento e a pessoa ímpia tinha sido tratada (1 Co
5; 2 Co 2:6). Que consolo para o apóstolo.
O assunto desta bela epístola
é, para usar as palavras de outro, “graça restauradora, de acordo com o caráter
e poder da vida em Cristo, e esta, acompanhada do mais profundo exercício do
coração sob os caminhos disciplinares de Deus”[1].
Esboço
O apóstolo não era um
espectador desinteressado, aterrorizando-os com cartas enviadas de longe. Em
vez disso, ele foi profundamente afetado, primeiro pelo estado das coisas em
Corinto, e depois pela notícia do arrependimento deles.
Esta Epístola foi
escrita depois que Paulo conheceu Tito, embora nela desdobre os pensamentos e
exercícios de seu coração enquanto aguardava uma palavra sobre Corinto. Do
versículo 13 do capítulo 2 até que finalmente lemos da feliz reunião com Tito no
versículo 6 do capítulo 7, temos a doce comunhão entre as almas que
experimentaram os efeitos restauradores da graça em sua vida – embora em circunstâncias
muito diferentes.
Paulo descreve o
pequeno grupo como cativos levados em triunfo, um cheiro agradável para Deus –
um cheiro de morte para aqueles que rejeitaram o evangelho e de vida para
aqueles que o receberam (2 Co 2:14-15). Ele não fez o comércio da Palavra de
Deus; em vez disso, diante de Deus falou, não de, mas em Cristo (2 Co
2:17 – ARA).
Ele não precisava de
uma carta de recomendação à assembleia em Corinto, pois eles mesmos eram epístola
viva, “escrita, não com tinta, mas, com o Espírito de Deus vivo, não em
tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (2 Co 3:3). As ações
dos santos de Corinto haviam sido um amplo testemunho da fé deles. O apóstolo
era um ministro da nova aliança; ele não havia “estabelecido a lei”. Este não é
o pacto ao qual estamos sujeitos, pois a letra mata; é pelo Espírito. O evangelho
revela justiça, não a exige; é abundante em glória (2 Co 3:9).
A destruição do vaso,
embora possa apresentar uma imagem fraca e desprezível ao mundo, revela o
tesouro que o vaso contém e a vida de Jesus se manifesta em um corpo mortal (2 Co
4:7-11).
No capítulo 5 temos a
confiança de um cuja vida está em Cristo. Aqui temos o que motivou o apóstolo –
e a nós – em sua vida e Ministério. “Porque o amor de Cristo nos constrange,
julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E Ele
morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aqu’Ele
que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5:14-15).
O apóstolo ainda tinha
uma grande preocupação com o bem-estar espiritual dos coríntios, e ele não
deixa de tocar nas dificuldades que permaneceram – embora, em geral, o tom seja
mais exortativo do que afirmativo, mas com autoridade. Nos capítulos 8 a 9, a generosidade
para os santos pobres é encorajada, enquanto nos capítulos 10 a 12, Paulo
aborda aqueles que questionariam seu apostolado. Ele temia que houvesse aqueles
que iriam seduzir a mente dos coríntios e esses fossem “corrompidos” em
seus sentidos, vindo a se apartar “da simplicidade que há em Cristo”, sendo
levados à servidão (2 Co 11:3, 20).
O livro termina com o
capítulo 13. Visto que eles buscavam a prova de que Cristo falava no apóstolo,
deveriam se examinar. Se eles eram realmente Cristãos, não era essa a prova que
buscavam?
[1] N. do
A.: William Kelly, Notas sobre a Segunda Epístola aos Coríntios.
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