As epístolas de João
foram escritas muito mais tarde no primeiro século. Interpretações místicas
haviam surgido a respeito da Pessoa do Senhor Jesus Cristo; o Cristianismo foi
visto como um sistema que deve crescer e se desenvolver com o tempo – uma visão
amplamente defendida hoje. É a “última hora” (1 Jo 2:18). O apóstolo
declara esses pensamentos, levando o leitor de volta ao começo do tempo em que
Cristo Se manifestou aqui neste mundo.
João apresenta as
coisas de forma abstrata, ou seja, ele dá o caráter essencial delas sem fazer referência
à experiência. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado” (1 Jo
3:9) é uma afirmação do fato. Da mesma forma, “quem comete o pecado é do
diabo” (1 Jo 3:8). Estes não descrevem uma pessoa, mas aquela nova vida,
gerada por Deus – a vida eterna, em contraste com o que somos por natureza. É
vital que tenhamos uma perspectiva fora do contexto da experiência,
especialmente quando a Cristandade está tão corrompida pela falsa doutrina. Na
epístola de João, não é uma questão de andar de acordo com a luz, mas sim de
caminhar na luz (1 Jo 1:7).
Primeira Epístola de João
O grande tema da
primeira epístola é a vida eterna no Filho de Deus. No evangelho de João, vemos
aquela vida em todos os lugares exibida na Pessoa do Senhor – “Eu Sou o
caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6). Aqui vemos o resultado no crente
como participante dessa vida divina.
Esta epístola não é
expositiva, mas sim o derramar do coração do velho apóstolo. Treze vezes João
refere-se ao que ele estava escrevendo ou seu propósito em escrever.
Referências repetidas são feitas para as coisas que nós, como crentes,
conhecemos e para aquelas coisas pelas quais distinguimos o verdadeiro do
falso. Nove vezes ele usa a expressão “nascido” ou “gerado por Deus”,
mostrando o que caracteriza a nova natureza. Somos membros de uma nova família.
João escreve, desejando
que o gozo do crente possa ser completo (1 Jo 1:4). Isso só pode vir por estar
em comunhão com o Pai e Seu Filho Jesus Cristo, como conhecido e revelado pelos
apóstolos. Ele escreve que crentes não devem pecar; a advocacia de Cristo
restaura a comunhão quando pecamos (1 Jo 2:1). Ao finalizar a epístola, o apóstolo
declara, “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida
eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (1 Jo 5:13).
No capítulo 2, os
crentes em diferentes estágios de maturidade são abordados – os pais, os jovens
e as crianças. Enquanto os rapazes e as criancinhas são avisados dos perigos
que os cercam, aos pais ele escreve duas vezes: “porque conhecestes aqu’Ele
que é desde o princípio” (1 Jo 2:13-14). Desejoso de nada mais e nada de
novo, Cristo, que é desde o princípio, é tudo para eles. Mesmo as crianças em
Cristo têm a unção do Santo – o Espírito Santo – e “conhecem todas as coisas”
(1 Jo 2:20). Eles não precisam de nada mais e não há nada de novo.
No capítulo 3, os
filhos de Deus são manifestos, assim como são os filhos do diabo. No capítulo 4
temos testes por meio dos quais podemos distinguir espíritos falsos dos
verdadeiros. Devemos amar uns aos outros; é característico da natureza divina. Esse
amor é exercido em obediência e não será à custa da verdade. “Nisto
conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os Seus
mandamentos” (1 Jo 5:2).
Conhecemos o verdadeiro
Deus, possuímos a vida eterna e qualquer coisa fora disso é um ídolo. “Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5:21).
Segunda Epístola de João
A Segunda Epístola de
João é dirigida à “senhora eleita e aos seus filhos” (2 Jo 1). Possivelmente
“senhora” deve ser deixado como o nome próprio feminino “Kyria”;
não é, no entanto, uma referência à Igreja, como alguns sugeriram, pois, a Igreja
não é eleita; indivíduos são.
Como a primeira, esta epístola
preocupa-se com a manutenção da verdade. João muito se regozijou em encontrar
entre seus filhos aqueles que andam na verdade (2 Jo 4). Mais uma vez lemos “aquele
mesmo que desde o princípio tivemos” (2 Jo 5). Aqui é que nos amemos uns
aos outros; mas o amor que flui de Deus sustenta a verdade: “E o amor é
este: que andemos segundo os Seus mandamentos” (2 Jo 6). Muitos enganadores
saíram para este mundo; eles não devem ser recebidos e devem ser rejeitados por
causa da doutrina deles (2 Jo 7-10). A natureza afetuosa e hospitaleira,
especialmente a de uma irmã, poderia ultrapassar seus limites em receber tal
indivíduo. João adverte que não devemos saudar um tal (2 Jo 10). “Saudar”
no grego é a palavra “regozijar” e foi usada como uma saudação; da mesma
forma, não devemos encorajar aqueles que negam a Pessoa do Senhor, mesmo com
algo tão inocente quanto uma saudação.
Terceira Epístola de João
Esta carta é dirigida
ao bem amado Gaio, de quem João poderia dizer: “a quem, em verdade, eu amo”
(3 Jo 1). Aqui estava um irmão que João poderia desejar acima de tudo que ele
pudesse prosperar e ter saúde – assim como ele prosperou em sua alma (3 Jo 2). Esta
epístola, não trata daqueles que devem ser rejeitados, mas sim daqueles que
devem ser recebidos: “Portanto aos tais devemos receber, para que sejamos
cooperadores da verdade” (3 Jo 8).
Mais uma vez, o assunto
é a verdade: “Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e
testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade” (3 Jo 3).
A caridade e a
hospitalidade de Gaio são registradas (3 Jo 6). Diótrefes, por outro lado,
adorava ter a preeminência e não recebia o apóstolo. Suas palavras ofensivas e
maliciosas não seriam esquecidas (3 Jo 9-10). Demétrio tinha um bom testemunho
de todos os homens e da própria verdade (3 Jo 12).
Confiando em vê-los em
breve, João envia saudações e instrui Gaio a cumprimentar os amigos pelo nome –
e nós também devemos (3 Jo 14).
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